«O Galileu atravessa uma crise profunda e grave». O que é isso para quem está morto há 365 anos. Desta vez, porém, o pobre coitado do toscano, inventor do antepassado do telescópio, não tem culpa. Ao contrário de outrora, quando mirava as estrelas através do óculo, o seu nome serve hoje os propósitos contrários - controlar do céu o que se passa cá na Terra.
Contextualizadas, as palavras, em nome da União Europeia, são do ministro dos Transportes alemão, Wolfgang Tiefensee, citado pela BBC, referindo-se à necessidade de mais fundos do que os previstos para construir o sistema europeu de navegação por satélite, que irá concorrer com o GPS norte-americano.
Chamem-me Velho do Restelo, mas mesmo desactualizado ainda prefiro o mapa encartado e a imprevisibilidade da aventura do que ter uma voz irritante sempre a gritar inequivocamente aos meus ouvidos moucos por onde ir. Apetece logo contrariar-lhe os intentos e recitar-lhe vezes sem conta o final do Cântico Negro, de José Régio:
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou.
- Sei que não vou por aí!
9 de maio de 2007
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1 comentário:
Aplausos, bela conclusão.
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