8 de maio de 2007

Ai Portugal, Portugal!

Ao passar os olhos pelo molho infindável de páginas de jornais e revistas a amarelar no escritório, antes de azularem no contentor da reciclagem, deparei-me com uma recente entrevista de Nanni Moretti, na revista Visão, por ocasião da sessão especial de apresentação do seu último filme, O Caimão, em Lisboa, no passado dia 14 de Abril.

«Digo numa cena que 20, 30 anos de televisões comerciais mudaram-nos a cabeça. Não quero atribuir todo esse poder e responsabilidade a um só homem. Quando Berlusconi aterrou em Itália, já encontrou um terreno fértil: um país indiferente a regras, em muitos casos com pouco sentido cívico, que considera os impostos um insuportável fastio e em que muitos cidadãos têm dificuldade em considerar-se parte de uma comunidade.»

Não sei se repararam mas, tirando a referência a Berlusconi e à Itália, o enunciado assenta que nem uma luva a Portugal. Como as perspectivas caseiras não são as mais agradáveis, não auguro coisa boa no futuro. Só falta saber quem será o nosso caimão (pequeno crocodilo particularmente voraz).

Presumo que Marques Mendes não terá esse privilégio, pois reúne apenas o primeiro daqueles predicados...

7 comentários:

Tiago disse...

Nada como um bom dia de praia para te reconciliares com o nosso cantinho. ;)

Tiago disse...

Às 19.10 passa uma entrevista com o Moretti na TSF.

José Nuno Pimentel disse...

Pois eu sei... E estou cá para lutar :)

A ver se ouço isso

Hugo Xavier Carmo disse...

O semelhar e seu semelhante...

Em terra de cegos...e não há quem diga o REI vai NU ! ! !

SC disse...

LOL para o comentário sobre o Marques Mendes!
Sabes que no debate presidencial entre Ségolène e Sarkozy, por momentos pensei que estivessem a falar de Portugal. Não estivessem eles a falar em francês e a dúvida seria total: desemprego, deficit, reforma da função pública e tudo e tudo "igual".

Schwarz disse...

A ver se não chegamos a tanto...

José Nuno Pimentel disse...

SC, é precisamente esse o problema dos estúpidos tecnocratas da Europa: quer pôr isto tudo igual quando é precisamente a diversidade e o carácter particular de cada cultura e de cada país o mais importante e aquilo que atrai. É por isso que tudo parece cada vez mais igual a tudo o resto, quer estejamos em Itália, França ou Portugal!

Ass: o eterno amante da colher de pau e do tacho de barro, em vez da estúpida imposição tecnocrata do alumínio... :)

zarolho, acredita no que digo...