28 de dezembro de 2006

SIC Comédia out, Seinfeld in

O espectro televisivo português, cada vez mais sombrio, vai perder o seu sorriso mais contagiante. É que a SIC Comédia, um dos canais da estação de Carnaxide na TV Cabo, termina as emissões regulares no próximo dia 31 de Dezembro - sendo substituída pela Al-Jazeera em inglês ou France24, ambos informativos -, uma vez que a Impresa e a PT Multimédia não chegaram a acordo para prorrogação do contrato.

Presumo que a SIC Mulher e a SIC Radical tenham o mesmo destino num futuro próximo. Depois de ter deixado escapar os Gato Fedorento para a RTP, aquela que outrora revolucionou a maneira de fazer televisão em Portugal já viveu melhores dias. Adeus Allo Allo, Benny Hill, Late Night with Conan O'Brien, Tonigh Show with Jay Leno, Everybody Loves Raimond e Seinfeld.

Por falar nele, parece que o saudoso Jerry estará de volta em 2007, nove anos depois da comédia com mais êxito na história da televisão americana ter saído de cena. Segundo a revista norte-americana Newsweek, o comediante tem investido na vida familiar - casou-se em 1999 e tem três rebentos -, mas passou os últimos três anos a escrever e a produzir um filme animado para a DreamWorks.

A película chama-se Bee Movie e Jerry Seinfeld dá voz à personagem principal, Barry B. Benson, uma abelha que deixa a colmeia onde vive e descobre que os humanos lhe têm andado a roubar o mel. Uma vez cá fora, Barry apaixona-se por Vanessa, florista da cidade de Nova Iorque, interpretada por Renée Zellweger. Aguardamos ansiosamente a chegada do dito...

22 de dezembro de 2006

É hoje...

... o dia do orgasmo global sincronizado pela Paz! (Ler post...) Como ouvi um arrumador dizer, há anos atrás, depois de me ter ajudado a estacionar o carro ao pé do Bairro Alto: Adivirtem-se!

«And now for something completly different!». Logo de férias é que me acontecem estas coisas! Estou de novo contactável depois de na quarta-feira ter estado sem telemóvel (perdi-o em casa - é favor não gozar 'fáchavôr'!) e na quinta sem Internet.

Não gosto da dependência que estas ferramentas nos criam, mas dá que pensar o facto de que há pouco mais de uma década vivíamos calmamente sem elas. E talvez fôssemos mais felizes...

19 de dezembro de 2006

E a Pessoa do Ano sou Eu... e Tu

Nem queria acreditar quando tomei conhecimento da notícia, ainda para mais não me tendo candidatado recentemente a qualquer prémio. É que, segundo a Time, a Pessoa do Ano para esta prestigiada publicação norte-americana, que pretende distinguir os protagonistas de 2006, sou Eu... e Tu (assim mesmo, com direito a maiúscula e tudo!) - neste preciso momento a ler este texto -, ou, na versão original, Você, pronome, relativo à segunda pessoa do singular.

"Sim, você. Você controla a sociedade de informação. Bem-vindo ao seu mundo", justifica a revista em três curtas frases escritas na capa, citando depois, nas páginas interiores, como exemplos desta comunidade de partilha feita numa escala nunca vista, o compêndio de conhecimento que constitui a
Wikipedia, verdadeiro serviço público, o meteórico êxito do YouTube ou o MySpace.

A imagem na capa da última edição do ano sugere o facto de comparticiparmos os mais variados assuntos com um sortido leque de desconhecidos, bastando para tal utilizarmos o computador que temos à nossa frente. A engenhosa ideia de colocar material reflector no ecrã, para vermos a nossa própria cara, está genial. Façam a experiência de pegar num exemplar e olhar para a dita, pois isto das novas tecnologias ainda não dá para tudo. E já agora não deixem de ler o editorial e o artigo principal que ilustra a história.

14 de dezembro de 2006

Querem lá ver o desplante!

Chegou de mansinho, noite dentro, sem causar alarido. Apanhou-me embrenhado em trabalho e a dar atenção a vários assuntos ao mesmo tempo, mas depois de ouvir o sinal sonoro de aviso, a anunciar que chegara nova mensagem ao meu correio electrónico, a curiosidade de ver quem me escrevera àquela hora revelou-se mais forte.

Endereçado da Edimpresa, proprietária do semanário Expresso a revista Visão, entre outros órgãos de comunicação social, o assunto não deixava margem para dúvidas: "JOSE (assim mesmo, sem acento e em caixa alta), é a última vez que ela lhe faz esta proposta!". Querem lá ver o desplante! No texto da mensagem prossegue o repto: "A FHM ainda lhe dá três seguidas! - Assine a FMH por três meses e receba três meses grátis... por apenas nove euros".

Apesar da tentadora oferta publicitária para assinar a dita publicação, e de a mensagem vir ilustrada com a imagem de uma escultural menina vestida em trajes menores, consigo resistir à provocação e vou dormir em paz, não sem antes apagá-la dos e-mails recebidos neste dia. Se ela ainda me tivesse escrito uma carta em papel perfumado, à maneira antiga e como reza a letra da música...

Resquícios imperialistas

A notícia saiu há dias no diário espanhol El Pais: 88 anos depois de ter perdido o acesso ao mar, na sequência da derrota do Império Austro-Húngaro na I Guerra Mundial (1914-18) e da consequente assinatura do Armistício de 11 de Novembro de 1918, que pôs fim ao conflito e desmembrou o domínio imperialista, a Áustria renunciou à Marinha.

Num país que deu ao Mundo homens do mar e navegadores destemidos como Mozart, Schubert, Beethoven, Strauss ou mesmo Freud, rodeado de terra por todos os lados, embora situado em posição estratégica no centro da Europa, o facto não deixa de merecer referência e a devida vénia.

12 de dezembro de 2006

Florença vista do outro lado

A ténue luz do entardecer realça o amarelo-toscano (cor inventada, claro) dos edifícios e torna ainda mais bela a paisagem, já de si magnífica. Convida a saboreá-la sentados na escadaria que deita para o Arno.

Pena é que os gelados do café que serve a esplanada da Piazzale Michelangelo não façam jus à vista, nem tão pouco aos restantes consumidos um pouco por essa Itália fora. De facto, quanto a sorvetes, estamos conversados - italians do it better!

11 de dezembro de 2006

Orgasmo pela Paz

A iniciativa até parece boa e a causa meritória, por isso marquem já nas vossas agendas. No próximo dia 22 de Dezembro, sexta-feira, de modo a coincidir com o Solstício, está marcado o primeiro clímax sexual sincronizado pela Paz à escala planetária. Apesar de ser dirigida principalmente aos países em guerra de possuidores de armas de destruição massiva, a ideia, segundo os organizadores do Orgasmo Global, é que "todos os participantes concentrem os seus pensamentos na Paz durante e depois do orgasmo", pois "a combinação da alta energia orgásmica e uma intenção mental dirigida pode ter mais efeito do que a meditação e orações em massa".

Ora toma! É intenção dos promotores da acção que a mesma se realize todos os anos até ao Solstício de 2012, altura em que termina o calendário Maia e começa uma nova era.
Assim, sozinhos(as) ou acompanhados(as), com pessoas do mesmo sexo ou oposto, pouco importa, o que interessa mesmo é participar nesta gigantesca orgia. Pela minha parte, apesar de me considerar pacifista por natureza, prometo contribuir, na medida do possível.

Nesta particular sincronização, "em qualquer hora e local, e com a privacidade desejada", os homens talvez partam em vantagem relativamente às mulheres, pois com um simples toque de magia conseguem atingir o auge da satisfação e fazer disparar, em poucos segundos, a sua espingarda de carne. Para as companheiras de armas com maior dificuldade em atingir o êxtase, o sexólogo Alessandro Littara e o cirurgião plástico Gianfranco Barnabei, italianos de nascença, apresentaram no passado dia 28 de Novembro, em Milão, uma cirurgia cujo objectivo é aumentar o prazer sexual com um retoque a laser nesse obscuro local denominado de Ponto G.

Criada pelo médico norte-americano David Matlock, a operação G-Spot Amplification perde efeito num ano, mas nos Estados Unidos há notícias de 840 intervenções com 79 por cento de êxito. Convenhamos que até é uma boa percentagem, mas depois das operações para reconstituição do hímen feminino, só nos faltava mesmo mais esta! Ele há com cada coisa, como dizia o outro!

7 de dezembro de 2006

Anjos da lama

Passear à beira-rio nas margens do Arno e contemplar a Ponte Vecchio - a mais conhecida de todas, por albergar as famosas ourivesarias florentinas e, curiosamente, a única que não foi destruída durante a II Guerra Mundial (1939-44) - são alguns dos prazeres que Florença tem para oferecer. Mas bem diferente era o cenário há 40 anos, naquele fatídico dia 4 de Novembro de 1966.

Dois dias de chuva ininterrupta fazem o rio galgar as bordas que o oprimem e subir, em alguns locais, 11 metros acima do nível normal. Torrentes de lama e água inundam museus, bibliotecas e igrejas da cidade-berço do Renascimento, danificando muitas obras de arte. Os prejuízos são incalculáveis, mas em vez dos lamentos e fatalismos, tão próprios das horas adversas, a população local arregaça as mangas e mete mãos à obra, gerando uma onda de solidariedade espontânea e desinteressada que faz deslocar até Florença gente de toda a Itália e de várias partes do Mundo, cujo intuito é, unicamente, salvar o património artístico e arquitectónico da cidade.

O drama é retratado em La Meglio Gioventù (A Melhor Juventude, 2003), de Marco Tullio Giordana, filme de seis horas (!) - e por isso disponível em dois DVD's - que atravessa a vivência de uma família italiana desde o Verão de '66 e na qual a personagem Nicola, um dos irmãos que centralizam a acção, então no estrangeiro, regressa ao país natal quando toma conhecimento da tragédia.

A foto que encima esta prosa foi tirada no final de Setembro de 2006. Poucas semanas depois assinalam-se precisamente quatro décadas sobre o dilúvio que se abateu sobre o belo burgo da Toscana, causando danos artísticos, económicos e humanos sem precedentes. Entre as inúmeras efemérides para evocar a data há a recente edição do livro intitulado 4 Novembre 1966 - L' alluvione a Firenze, no qual se presta homenagem aos magotes de anónimos que ajudaram a reerguer a cidade e ficaram conhecidos pelos "anjos da lama". Um exemplo a seguir de abnegação, espírito de luta, responsabilidade cívica e, sobretudo, amor pela arte e pela cidade.

Sortes diferentes

FC Porto na Liga dos Campeões, Benfica na Taça UEFA e Sporting em... Belém. Não existe qualquer intuito provocatório nesta frase, nem tão pouco a terra atrás mencionada se refere ao local onde nasceu o Menino Salvador, apenas achei piada ao que vem estampado nas primeiras páginas dos jornais desta quinta-feira.

Um dia depois de ter sido afastado das competições europeias e horas antes dos embates dos outros dois rivais, uma comitiva constituída pelos mais altos signatários do Sporting tomou o disfarce do preto Baltazar, do jovem louro Gaspar e do ancião Melchior, os três Reis Magos, e, guiada pela estrela-guia, deslocou-se ao Palácio de Belém, em Lisboa, para presentear o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a medalha comemorativa do centenário do emblema fundado em 1906 pelo Visconde de Alvalade. José, por sinal.

5 de dezembro de 2006

Paixão pela Ribeira

Cumpriram-se esta terça-feira dez anos desde que a UNESCO classificou o centro histórico do Porto como Património Mundial. Sou alfacinha de gema, mas nutro pela Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto um sentimento especial, nomeadamente pela zona da Ribeira.

Tão assolapada é a paixão que nunca me despedi do Porto sem antes deambular por esse mágico local situado na margem direita do rio Douro. Conterrâneos meus, ponham de lado as estéreis querelas entre Norte e Sul, tão estupidamente exacerbadas pelo futebol, e partam à descoberta dessa misteriosa cidade tão diferente de Lisboa, a cidade branca.