28 de agosto de 2008

"I have a dream"

Faz hoje precisamente 45 anos que Martin Luther King (MLK) discursou perante as cerca de 200 mil pessoas presentes no Memorial Lincoln, em Washington DC, a capital dos Estados Unidos, no culminar da marcha a favor dos direitos humanos e contra a discriminação racial.

No dia em que o negro Barack Obama é oficialmente nomeado como candidato do Partido Democrático à presidência da nação, eu também tenho o meu sonho americano, depois de oito anos do burro e boçal George W. Bush à frente dos destinos daquele país.

Contudo, espero estar enganado nas previsões e que a outrora terra das oportunidades ainda possa trazer alguma esperança a todos. Algo me diz que, na hora da verdade, os eleitores irão preferir a segurança oferecida pelo ancião branco republicano à mudança para um moço preto desconhecido.

Bono e os U2 dedicaram uma música a MLK, por sinal uma das melhores do grupo. Ver e ouvir aqui.

PS: Já perceberam que pendo para o lado dos democratas. Nem desgosto dela (até porque seria a primeira mulher no cargo) mas já pensaram que, se a Hillary Clinton tivesse mesmo concorrido e ganho as presidenciais, os últimos 24 anos de poder nos Estados Unidos ficariam nas mãos de apenas duas famílias?

23 de agosto de 2008

"Di María rima con categoría"

O relato estonteante do comentador argentino é... "bárbaro", o adjectivo que ele usa para descrever o golo do Angel Di María!

Esta é dedicada ao "Angelito". Deliciem-se!

20 de agosto de 2008

Meio da Praça

"Mais do que uma mercearia, o Meio da Praça é um estilo de vida", lê-se no blogue. Fica no final da Rua de São José, a dois passos do Largo da Anunciada e do mítico Elevador do Lavra.

O local até está classificado pelo IPPAR como exemplo da arquitectura portuguesa da década de 1970. Merece uma visita. Palavra de lisboeta!

12 de agosto de 2008

A saga continua...

"[Maria Alice] embrenhada nestes tristes pensamentos, e sem saber que rumo dar à vida, nem se apercebeu que um indivíduo com todo o aspecto de marginal se sentara no mesmo banco que ela ocupava e a mirava, descaradamente. Receosa, olhou de soslaio tentando descortinar as intenções do homem; este, como se lesse o seu pensamento, logo lhe tirou qualquer dúvida com as palavras que lhe dirigiu:

- Olá, pombinha! Esperavas alguém que te fizesse companhia? Tens sorte, já que eu ando à procura duma chavala que queira curtir comigo. Manjei logo que és boazona e se quiseres alinhar numas curvas não te arrependerás porque eu sou capaz de dar a volta ao capacete à mais pintada - falando assim o tunante foi-se aproximando até se encostar a ela.

A rapariga, cheia de medo por aquilo que escutara e pelo mau aspecto do rapaz, fez menção de levantar-se suplicando:

- Por favor, deixe-me em paz. Engana-se no que pensa de mim. Sou uma moça séria a quem a desgraça bateu à porta.

- Ora, minha linda, sem tangas; dizeis sempre isso, mas andais sempre todas ao mesmo; eu já topo o vosso paleio - e o vadiola pôs-lhe um braço pelos ombros.

Revoltada, ela pregou-lhe um safanão e aproveitando o seu desequilíbrio correu para fora do jardim. Olhou para trás, e vendo que ele não desistia de a perseguir, na ânsia de lhe escapar, imprudentemente, tentou atravessar a rua. Em tão má hora que foi colhida por um automóvel que circulava a grande velocidade. Ouviu-se uma travagem brusca acompanhada de estridente chiadeira de pneus. Tudo em vão e num ápice, já que o condutor não conseguiu evitar o acidente. O choque deu-se com muita violência. O corpo da desditosa criatura, projectado alguns metros pelo ar, estatelou-se no outro lado da larga via..."

Nota: Excerto de Casei com a Minha Irmã, à venda nas melhores livrarias por €7,58.

4 de agosto de 2008

Palavras mágicas

O texto anterior não fazia sentido sem um exemplo da fina pena de Eurico A. Cebolo. Agradeço à comunidade cibernética as informações e o facto de disponibilizar alguns excertos dos referidos pedaços de prosa.

Eça, Garrett, Pessoa e outros imortais da cultura e das letras portuguesas... Temei!

Sem bem que careça de confirmação, parece que o autor tem uma forma bastante original de terminar os seus romances: com o título da obra em letras maiúsculas!

Cá vai alho!:

- Eu sou freira!, respondeu Maria Teresa, espantada.
- Não!, contrapôs Edmundo. Agora, tu não vestes hábito e a freira morreu quando entrou para o caixão. Deus ressuscitou-te como Maria Teresa, a mãe dos nossos dois filhos!
- Eu dei à luz apenas uma menina, a Adriana, por isso não existe mais nenhum!, rectificou ela.
- E se houvesse também um filho casavas com o pai dele?, indagou Edmundo, esperançado em convencê-la a aceitá-lo.
- Ora, que pergunta!, exclamou Maria Teresa, pensando que ele brincava Se eu tivesse um filho só poderia ser do homem que amasse e, portanto, do meu marido!
- Então, eis o teu filho!
Samuel abraçou-se a ela e, por entre lágrimas, exclamou:
- Mãe! Eu também sou seu filho e de Edmundo. Do seu parto nasceu um casal de gémeos! Aceite o meu pai! Ele ama-a verdadeiramente! Sempre a amou!
Às súplicas de Samuel juntaram-se as de Adriana e, sentindo-se contagiadas, as restantes pessoas que assistiam à cena começaram a pedir alto e com voz ritmada:
- CASA! CASA! CASA! CASA! CASA!...

(...)

Até o Malhado, que salvara Adriana do atentado que Verónica e Marilú lhe haviam preparado e encontrara naquela casa carinho e um abrigo acolhedor, ladrava e abanava a cauda como se quisesse mostrar que concordava com os presentes.
E aquela mulher, a freira mais bonita de sempre do Convento das Cristianas, desejava compartilhar com todos a sua felicidade. Assim, com alguma surpresa para os circunstantes, a sua voz elevou-se como se entoasse uma prece:
- Oh, meu Deus! Eu não mereço tanta ventura! Cumpra-se a Tua vontade!
Seguiu-se uma estrondosa salva de palmas que ecoou pela grande sala.

(...)

Uma nova vida ia começar para aquela que pela sua imensa bondade alcunharam de "santa" e tanto sofrera, mas que por milagre divino se salvara de ser sepultada no cemitério do Convento das Cristianas onde "MATAVAM AS FREIRAS GRÁVIDAS".