11 de dezembro de 2007

Drawning by Numbers

Nas cantigas de maldizer, segundo nos elucida a Arte de Trovar, incluída no provecto Cancioneiro da Biblioteca Nacional, «entrã palavras que queren dizer mal e nõ aueran outro entendimento senõ aquel que queren dizer chaãmente».

A música, neste caso, é outra, mas lembrei-me disto a propósito da obra escultórica Love & Numbers e dos dez monumentais números feitos em aço, da autoria de Robert Indiana, que agora enfeitam o Rossio, a Avenida da Liberdade e o Marquês de Pombal.

Não discuto os méritos do artista, um dos expoentes da Pop Art americana - certamente os terá. Questiono, a fazer fé no que vi escrito, os 100 mil euros gastos pela Câmara Municipal da minha cidade em tal espalhafato.

A arte pode ser contemplada até final de final de Fevereiro nas ruas de Lisboa. Confesso que só me ocorre sensação semelhante a esta, do tipo náusea, quando ouço falar no bizarro, inenarrável e incompreensível mundo da moda.

Resumindo: merecia uma boa cantiga de maldizer - grosseira mesmo -, pois as de escárnio, por se basearem em trocadilhos e ironias, são menos directas...

Nota: o inspirado título do post, bem a propósito, é o nome de um filme do fantástico Peter Greenaway.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu enfiava-lhes era a Pop Art num sítio que eu cá sei.

100 mil euros!!!!

Nem o espirito desta época da boa vontade os safa!

100 mil euros!!!

José Nuno Pimentel disse...

lila ps, boa boa... :)