Encostada a Espanha e dividida desta pelo rio que lhe dá o nome, Miranda do Douro vive entre o apelo do país vizinho e o isolamento provocado pela interioridade.
Mesmo assim, persiste em manter e respeitar a tradição da cultura local. Disso são exemplos os Pauliteiros, o grupo de música tradicional Galandum Galundaina e o mirandês, a segunda língua oficial de Portugal, cujo estatuto foi reconhecido em 1999.
Leio no Nordeste, semanário regional de informação - pelo menos assim se apresenta -, que o mirandês ganha adeptos, pois 450 alunos do ensino básico de Miranda do Douro e Sendim escolheram-no como disciplina de opção. O facto levou mesmo a Direcção Regional de Educação Norte (DREN), tão em voga nos últimos tempos pelas razões erradas, a recrutar, pela primeira vez, três professores para leccionarem aquela língua nas escolas da zona.
A Associação da Língua Mirandesa luta por não a deixar morrer. Há algum tempo, os falantes viram coroados os intentos com a edição dos primeiros álbuns de Astérix, l Goulés em lhéngua mirandesa. Não é difícil ouvi-la pelas ruas do centro histórico e as próprias placas com os nomes das ruas estão escritas em mirandês.
Desde há algum tempo, a língua ganhou espaço nobre na imprensa com a crónica que Amadeu Ferreira, homem das Terras de Miranda e actualmente vice-presidente da Comissão dos Mercados e Valores Mobiliários, escreve mensalmente no jornal Público.
Condenado ao desaparecimento está o pólo de Miranda do Douro da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), conta ainda outro pasquim. Como qualquer local que albergue estudantes, a terra viu surgir nos últimos anos inúmeros estabelecimentos – são visíveis vários bares e pontos de acesso à Internet, por exemplo – para satisfazer as exigências das novas gentes que por ali aportam. Mas a situação vai alterar-se nos próximos anos.
Devido a uma decisão tomada em Junho, o Senado da UTAD decidiu acabar com as duas licenciaturas leccionadas naquela extensão universitária – Serviço Social e Antropologia Ligada ao Desenvolvimento –, ficando ambas a definhar enquanto houver alunos a frequentá-las. Como tal, o presente ano lectivo já não estreou qualquer caloiro.
Miranda, outrora rival de Braga, sede de bispado, residência do bispo, cónegos e outras autoridades eclesiásticas, bem como militares e civis, sobreviveu à explosão do paiol do castelo que, a 8 de Maio de 1762, precipitou a decadência do burgo, por isso terá força suficiente para resistir a novas e mais modernas contrariedades.
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Há 4 dias
3 comentários:
Ah, cronista!
ogait, chegar aos calcanhares dum Fernão Lopes já não era mau... :)
gosto muito de posta mirandesa oh escritor fantástico
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