12 de fevereiro de 2009

Darwin na Gulbenkian

Inaugurou hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a exposição A Evolução de Darwin, precisamente no dia em que se assinalam os 200 anos sobre o nascimento do naturalista inglês Charles Darwin.

A mostra, patente até 24 de Maio, celebra igualmente século e meio da publicação do livro A Origem das Espécies (On the Origin of Species by Means of Natural Selection no original), obra fundadora da teoria da evolução.

E promete ser de arromba e imperdível, pelo menos a julgar pela newsletter em que, José Feijó, comissário da exposição, refere que esta terá presente "os vários acontecimentos que marcaram a vida de Darwin e que se reflectiram na formação do cientista, com destaque para a viagem que realizou, aos 21 anos, no barco Beagle. (...)

A exposição vai prolongar‑se para o jardim, acolhendo vários exemplares de animais cedidos pelo Jardim Zoológico (iguanas, tartarugas, tatus) e várias plantas, recriando a fauna e a flora que Darwin encontrou nesta viagem, com as impressões registadas nas páginas dos seus diários."

Darwin em Cabo Verde e nos Açores
Num artigo intitulado O Erro de Darwin e publicado na edição portuguesa da revista National Greographic de Fevereiro, Luís Tirapicos explica que "o HMS Beagle, com Darwin a bordo, partira de Davenport [Inglaterra] a 27 de Dezembro de 1831, ancorando na actual Cidade da Praia [Cabo Verde] a 16 de Janeiro".

Esta foi a primeira paragem da sua rota, cujo objectivo "era concluir o levantamento topográfico da Patagónia e da Terra do Fogo, bem como realizar medições cronométricas em torno do globo. A circum-navegação duraria quase cinco anos. O aspecto vulcânico de Santiago, a aridez da ilha e a pobreza dos seus habitantes impressionaram Darwin".

Mais à frente, o autor continua: "Depois de passar pelo Brasil, onde a exuberância da floresta tropical fez as delícias do jovem naturalista, a expedição contornou a América do Sul, acedendo ao Pacífico pelo estreito de Magalhães. Só quatro anos mais tarde, o Beagle voltaria ao Brasil e a Cabo Verde, já na rota de regresso à Grã-Bretanha.

A 20 de Setembro de 1936, o navio ancorou na ilha Terceira, nos Açores. O passeio a cavalo e os seis dias de estadia, antes do regresso a Inglaterra, não parecem ter marcado Darwin, que no seu diário da viagem descreve a ilha com a expressão: «Gostei do meu passeio, mas nada vi que merecesse ser visto».

Perdão?!?!

"No entanto", prossegue, "as ilhas, esses imensos laboratórios naturais, foram uma peça fundamental na construção das teses darwinistas". (...) "Fatigado e limitado à ilha Terceira, onde a ave não nidifica [referindo-se à existência, na Graciosa, de uma nova espécie, o painho-de-monteiro, que recebeu o nome do seu descobridor, o biólogo Luís Rocha Monteiro, desaparecido prematuramente em 1999, aos 37 anos], o naturalista obviamente não prestou lhe atenção, da mesma forma que nada viu de relevantes na biodiversidade açoriana".

"Depois de quatro anos no mar, Darwin estaria cansado e desejoso de voltar a casa", escreveu António Frias Martins, responsável pelo Centro de Investigação em Biologia e Recursos Genéticos da Universidade dos Açores, em São Miguel.

Ah bom!

Mais informações sobre o assunto também no blogue de apoio à exposição.

Imagem de Darwin tirada daqui

2 comentários:

Tiago disse...

Lá irei, obrigado pela chamada de atenção. E como darwinista fanático, devo dizer que concordo com a avaliação: de todas as ilhas dos Açores que conheço, a única que achei um completo tédio foi precisamente a Terceira.

José Nuno Pimentel disse...

Das que estive também achei, de longe, mas o Darwin preferiu não ver nada: estava muito cansado, coitado!