O texto anterior não fazia sentido sem um exemplo da fina pena de Eurico A. Cebolo. Agradeço à comunidade cibernética as informações e o facto de disponibilizar alguns excertos dos referidos pedaços de prosa.
Eça, Garrett, Pessoa e outros imortais da cultura e das letras portuguesas... Temei!
Sem bem que careça de confirmação, parece que o autor tem uma forma bastante original de terminar os seus romances: com o título da obra em letras maiúsculas!
Cá vai alho!:
- Eu sou freira!, respondeu Maria Teresa, espantada.
- Não!, contrapôs Edmundo. Agora, tu não vestes hábito e a freira morreu quando entrou para o caixão. Deus ressuscitou-te como Maria Teresa, a mãe dos nossos dois filhos!
- Eu dei à luz apenas uma menina, a Adriana, por isso não existe mais nenhum!, rectificou ela.
- E se houvesse também um filho casavas com o pai dele?, indagou Edmundo, esperançado em convencê-la a aceitá-lo.
- Ora, que pergunta!, exclamou Maria Teresa, pensando que ele brincava Se eu tivesse um filho só poderia ser do homem que amasse e, portanto, do meu marido!
- Então, eis o teu filho!
Samuel abraçou-se a ela e, por entre lágrimas, exclamou:
- Mãe! Eu também sou seu filho e de Edmundo. Do seu parto nasceu um casal de gémeos! Aceite o meu pai! Ele ama-a verdadeiramente! Sempre a amou!
Às súplicas de Samuel juntaram-se as de Adriana e, sentindo-se contagiadas, as restantes pessoas que assistiam à cena começaram a pedir alto e com voz ritmada:
- CASA! CASA! CASA! CASA! CASA!...
(...)
Até o Malhado, que salvara Adriana do atentado que Verónica e Marilú lhe haviam preparado e encontrara naquela casa carinho e um abrigo acolhedor, ladrava e abanava a cauda como se quisesse mostrar que concordava com os presentes.
E aquela mulher, a freira mais bonita de sempre do Convento das Cristianas, desejava compartilhar com todos a sua felicidade. Assim, com alguma surpresa para os circunstantes, a sua voz elevou-se como se entoasse uma prece:
- Oh, meu Deus! Eu não mereço tanta ventura! Cumpra-se a Tua vontade!
Seguiu-se uma estrondosa salva de palmas que ecoou pela grande sala.
(...)
Uma nova vida ia começar para aquela que pela sua imensa bondade alcunharam de "santa" e tanto sofrera, mas que por milagre divino se salvara de ser sepultada no cemitério do Convento das Cristianas onde "MATAVAM AS FREIRAS GRÁVIDAS".
CAMÕES REGRESSA DA ÍNDIA COM OS LUSÍADAS
Há 20 horas
3 comentários:
Malhado, Adriana, Verónica e Marilú!!!!
Estranho, tenho eu a mania que leio muito e nunca passei os olhos pelo Cebolo.
Também reconheço que sendo MUITO mais novo do que tu se calhar...já não havia disto
ogait, é da mais fina prosa!
w.v.d., sempre houve "disto". Está é bem disfarçado...
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