4 de agosto de 2008

Palavras mágicas

O texto anterior não fazia sentido sem um exemplo da fina pena de Eurico A. Cebolo. Agradeço à comunidade cibernética as informações e o facto de disponibilizar alguns excertos dos referidos pedaços de prosa.

Eça, Garrett, Pessoa e outros imortais da cultura e das letras portuguesas... Temei!

Sem bem que careça de confirmação, parece que o autor tem uma forma bastante original de terminar os seus romances: com o título da obra em letras maiúsculas!

Cá vai alho!:

- Eu sou freira!, respondeu Maria Teresa, espantada.
- Não!, contrapôs Edmundo. Agora, tu não vestes hábito e a freira morreu quando entrou para o caixão. Deus ressuscitou-te como Maria Teresa, a mãe dos nossos dois filhos!
- Eu dei à luz apenas uma menina, a Adriana, por isso não existe mais nenhum!, rectificou ela.
- E se houvesse também um filho casavas com o pai dele?, indagou Edmundo, esperançado em convencê-la a aceitá-lo.
- Ora, que pergunta!, exclamou Maria Teresa, pensando que ele brincava Se eu tivesse um filho só poderia ser do homem que amasse e, portanto, do meu marido!
- Então, eis o teu filho!
Samuel abraçou-se a ela e, por entre lágrimas, exclamou:
- Mãe! Eu também sou seu filho e de Edmundo. Do seu parto nasceu um casal de gémeos! Aceite o meu pai! Ele ama-a verdadeiramente! Sempre a amou!
Às súplicas de Samuel juntaram-se as de Adriana e, sentindo-se contagiadas, as restantes pessoas que assistiam à cena começaram a pedir alto e com voz ritmada:
- CASA! CASA! CASA! CASA! CASA!...

(...)

Até o Malhado, que salvara Adriana do atentado que Verónica e Marilú lhe haviam preparado e encontrara naquela casa carinho e um abrigo acolhedor, ladrava e abanava a cauda como se quisesse mostrar que concordava com os presentes.
E aquela mulher, a freira mais bonita de sempre do Convento das Cristianas, desejava compartilhar com todos a sua felicidade. Assim, com alguma surpresa para os circunstantes, a sua voz elevou-se como se entoasse uma prece:
- Oh, meu Deus! Eu não mereço tanta ventura! Cumpra-se a Tua vontade!
Seguiu-se uma estrondosa salva de palmas que ecoou pela grande sala.

(...)

Uma nova vida ia começar para aquela que pela sua imensa bondade alcunharam de "santa" e tanto sofrera, mas que por milagre divino se salvara de ser sepultada no cemitério do Convento das Cristianas onde "MATAVAM AS FREIRAS GRÁVIDAS".

3 comentários:

Tiago disse...

Malhado, Adriana, Verónica e Marilú!!!!

W. V. D. disse...

Estranho, tenho eu a mania que leio muito e nunca passei os olhos pelo Cebolo.
Também reconheço que sendo MUITO mais novo do que tu se calhar...já não havia disto

José Nuno Pimentel disse...

ogait, é da mais fina prosa!

w.v.d., sempre houve "disto". Está é bem disfarçado...