Ao passar os olhos pelo molho infindável de páginas de jornais e revistas a amarelar no escritório, antes de azularem no contentor da reciclagem, deparei-me com uma recente entrevista de Nanni Moretti, na revista Visão, por ocasião da sessão especial de apresentação do seu último filme, O Caimão, em Lisboa, no passado dia 14 de Abril.
«Digo numa cena que 20, 30 anos de televisões comerciais mudaram-nos a cabeça. Não quero atribuir todo esse poder e responsabilidade a um só homem. Quando Berlusconi aterrou em Itália, já encontrou um terreno fértil: um país indiferente a regras, em muitos casos com pouco sentido cívico, que considera os impostos um insuportável fastio e em que muitos cidadãos têm dificuldade em considerar-se parte de uma comunidade.»
Não sei se repararam mas, tirando a referência a Berlusconi e à Itália, o enunciado assenta que nem uma luva a Portugal. Como as perspectivas caseiras não são as mais agradáveis, não auguro coisa boa no futuro. Só falta saber quem será o nosso caimão (pequeno crocodilo particularmente voraz).
Presumo que Marques Mendes não terá esse privilégio, pois reúne apenas o primeiro daqueles predicados...
8 de maio de 2007
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7 comentários:
Nada como um bom dia de praia para te reconciliares com o nosso cantinho. ;)
Às 19.10 passa uma entrevista com o Moretti na TSF.
Pois eu sei... E estou cá para lutar :)
A ver se ouço isso
O semelhar e seu semelhante...
Em terra de cegos...e não há quem diga o REI vai NU ! ! !
LOL para o comentário sobre o Marques Mendes!
Sabes que no debate presidencial entre Ségolène e Sarkozy, por momentos pensei que estivessem a falar de Portugal. Não estivessem eles a falar em francês e a dúvida seria total: desemprego, deficit, reforma da função pública e tudo e tudo "igual".
A ver se não chegamos a tanto...
SC, é precisamente esse o problema dos estúpidos tecnocratas da Europa: quer pôr isto tudo igual quando é precisamente a diversidade e o carácter particular de cada cultura e de cada país o mais importante e aquilo que atrai. É por isso que tudo parece cada vez mais igual a tudo o resto, quer estejamos em Itália, França ou Portugal!
Ass: o eterno amante da colher de pau e do tacho de barro, em vez da estúpida imposição tecnocrata do alumínio... :)
zarolho, acredita no que digo...
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