21 de setembro de 2007

Vou ali acima e já venho

Lembro-me deste cartão quando era mais novo, numa altura em que a idade ainda me permitia tê-lo com desconto, por causa de usufruir do famigerado Cartão Jovem.

Groucho Marx afirmava que nunca entraria para um clube que aceitasse como sócios pessoas como ele. Não vou tão longe. Trata-se apenas de um regresso ao passado, ao tempo em que, ainda na escola secundária, calcorreava Portugal de lés-a-lés com os amigos da turma.

Vou de viagem por Trás-os-Montes e Minho, durante as próximas duas semanas, sempre que possível com pernoita nas Pousadas da Juventude. Fiz tudo comodamente através da Internet e o Cartão de Alberguista chegou-me às mãos poucos dias depois, juntamente com uma carta a tratar-me por tu e cujo texto continha uma ordem:

«Pira-te e escolhe o teu pouso!!!». Assim seja!

12 de setembro de 2007

Tortellini de domenica matina

Depois de largo tempo de ausência retomo a partilha das aventuras da viagem com a Mónica a Itália - afinal, o propósito inicial da existência deste blogue -, realizada no ano passado mais ou menos por esta altura.

Para conhecer melhor a região toscana alugámos um carro e deixámos para trás Florença, destino seguinte após uns dias em Veneza. Não levámos qualquer CD de música, por isso tratámos rapidamente de sintonizar o auto-rádio para nos servir de companhia pela estrada fora.

Numa das primeiras tentativas, encalhámos num indivíduo a pronunciar vezes sem conta, aos altos berros, a seguinte frase: «tortellini de domenica matina». Rimos a bandeiras despregadas (ainda estou para saber o real significado desta expressão) e escusado será dizer que ela ficou a nossa private joke durante o périplo transalpino.

O episódio foi reavivado várias vezes no passeio e, sempre que a situação se proporcionava, juntávamos as pontas dos cinco dedos das nossas mãos, abanávamo-las exageradamente diante da nossa fronha, imitando os nativos, e gritávamos: Tortellini de domenica matina!

Tentar sintonizar rádios italianas é matéria ingrata e indescritível. Falam muito e alto a língua de Dante, além de a música ser quase toda pavorosa. Presumo que haja excepções, como em tudo, mas no final deixámos os megahertz repousarem tranquilos na Rete Toscana Classica.

11 de setembro de 2007

A não perder!

Estreia hoje à noite, às 22h25, no AXN, o canal 34 da TV Cabo, a 7ª temporada de CSI (Crime Scene Investigation, em português Crime Sob Investigação).

Passam dois episódios seguidos mas quem falhar pode vê-los noutra altura, pois o AXN repete a dupla jornada na madrugada e tarde (17h00) desta quarta-feira.

No sábado, dão o 1º episódio às 21h30 e o 2º na madrugada de domingo, voltando a repetir o 1º a horas impróprias na segunda-feira.

Nos Estados Unidos, a 8ª série tem estreia marcada para 27 de Setembro, na CBS.

10 de setembro de 2007

Blasted Mechanism

São originários da pátria de Camões mas, tal como os Wraygunn, preferem o inglês para se expressarem através da música - além de também o fazerem, pontualmente, numa língua por eles inventada, à maneira dos islandeses Sigur Rós.

Deram mais um excelente concerto, ontem, no encerramento da Festa do Avante e quem nunca os viu ao vivo e (ou)viu o Nadabrovitchka, aliás, Karkov (nome original), verdadeiro hino da banda, não sabe o que perde. Há muito tempo que não saltava tanto e via magotes de gente aos pulos numa música.

A Mónica tinha ido vê-los em Março à Aula Magna, no espectáculo de apresentação do novo disco, Sound in Light. Por isso, como tinha mais ou menos presente o alinhamento desse concerto, disse-me a certa altura.

- Acho que devíamos começar a pensar em ir mais para trás, antes do Nadabrovitchka. Da maneira que isto está vai ser a loucura...
- Nããããã, devem tocar essa no encore, respondi confiante.
- Olhe que não..., replicou bem a propósito, ou não estivéssemos em terreno comunista.

Nem chegou a terminou a frase, pois logo o vocalista, o grande Karkov, gritou Nadabrovitchkaaaaaaaaaaaaa e foi a histeria colectiva.
- Ai, é agora...!

Só tive tempo de a agarrar, para não ma levarem, e ir na onda. Saltámos juntinhos e, quando acabou a música, roucos, suados, sufocados com a onda de poeira que se levantou e a arfar, olhámos um para o outro e quase sobrepusemos as palavras:
- Bom, é melhor irmos mesmo lá para trás!

Clicar aqui para saber mais informações sobre os Blasted Mechanism.

5 de setembro de 2007

É rock n' roll,

são portugueses (embora cantem em inglês) e muito bons...

Wraygunn, Shangri-La, 2007

4 de setembro de 2007

Terror na Auto-Estrada

Ontem de manhã, o quadro de informação da A5, na zona de Linda-a-Velha/Carnaxide, direcção Lisboa-Cascais, avisava: Animal a 2 km, Seja prudente.

Não era preciso ir tão longe. Na maior parte das vezes, basta olharmos à volta do carro onde circulamos para encontrar, logo ali, várias espécies do género.

Ao volante, nas estradas, damos azo ao que de pior há em nós, humanos e portugueses. Não há quem nos pare. Somos os melhores do mundo.

O coitado do cão visado na advertência, que andava a deambular meio zonzo pela auto-estrada, não merecia ser assim equiparado.

3 de setembro de 2007

Ecos de Siboney

Há algum tempo que a Mónica queria lá ir. Depois de várias ameaças, rumámos na sexta-feira, ao final da tarde, à loja VGM Música, representante de pequenas e desconhecidas editoras. Conhecemo-la por ser uma das bancas de venda de CD's habitualmente presentes no saudoso Festival África, em Lisboa.

Tentei saber o horário de expediente e por isso auxiliei-me da Internet, mas a maior parte das referências devolvidas na pesquisa dizia respeito ao escritor, poeta e tradutor Vasco Graça Moura. Como não era esse o VGM pretendido, metemo-nos a caminho da rua Viriato, ali a Picoas.

A loja é ampla, não tem quase ninguém e é especializada em música clássica, étnica, jazz e outros géneros fora do mainstream. Um cartaz anunciava alguns CD's em saldo, a metade do preço. Tentei a sorte e, entre o lote, encontrei a cinco euros um disco dos Ecos de Siboney, de Cuba, intitulado Saludo Compay, editado em 2003.

Na passagem do milénio, de 1999 para 2000, estive dez dias em Havana, para onde viajei, tal como o meu amigo David, incluído na bagagem da família angolana Simaria da Silva, amiga de longa data de ambos e cujo patriarca tinha negócios na "perla sureña".

Muito de Cuba, para não dizer do mundo, respira África por todos os poros e, para os negros, família e amigos fundem-se numa unidade. O pai da minha (nossa) amiga Wladimira Gueva, em homenagem ao El Comandante, é feito do que melhor de se pode encontrar na nossa espécie em termos humanos. E, claro está, não foi preciso muito para confirmar isso mesmo num curto passeio pelas ruas de Havana, vieja ou nueva.

Como bom anfitrião, convidou para animar o almoço de Ano Novo uns músicos seus amigos. Chamavam-se precisamente Ecos de Siboney. Eram, e continuam a ser, os netos e demais família do grande Compay Segundo. Lembro-me de, a seguir ao repasto, os meus amigos terem ido buscar caixas de charutos Cohiba desviadas directamente da fábrica cubana por mão amiga.

Mas eu, em vez de ir ao bairro onde viviam encaixotadas milhares de almas, situado nos arredores de Havana, preferi ficar à conversa com duas personalidades fascinantes - o Carlos, da viola, economista, e o Ernesto, contrabaixista, igualmente formado noutra ciência igualmente pouco exacta e cérebro daquilo tudo.

No final, ofereceram-me até um cartão com a morada e o telefone e uma vetusta cassete com várias músicas, pois gravar um disco em CD naquele local era privilégio de alguns, como os ligados ao projecto Buena Vista Social Club. Guardo, ainda hoje, religiosamente a fita e o bilhete de visita:

Agrupación "Ecos de Siboney"
Sexteto de Música Tradicional Cubana
Director: Ernesto Morales Repilado
Representante: José A. Morales C.

P.S. Ordenados por estilos ou editoras, pequenas e desconhecidas, a certa altura desatei-me a rir quando vi no escaparate o separador Eufoda (editora holandesa, penso eu). A língua portuguesa é, de facto, muito traiçoeira!