25 de fevereiro de 2009

Uma questão de fé

A notícia fez-me voltar a ouvir os Faith No More, uma das minhas bandas preferidas de rock/metal. O grupo, liderado pelo excêntrico e multifacetado Mike Patton, anunciou o regresso aos palcos no próximo Verão, provavelmente para actuar nos festivais.

Vamos ver quem os consegue trazer cá - talvez um dos poucos motivos para me fazer gastar uns trocos valentes - depois da saudosa actuação no apinhado concerto da Praça de Touros do Campo Pequeno (Lisboa), ainda ao ar livre, a 29 de Junho de 1993, bem como daqueles que viriam a ser os derradeiros espectáculos do quinteto americano, cinco anos depois, na capital e no Porto.

23 de fevereiro de 2009

Vencido e convencido

Raios partam a Academia de Hollywood e o actor australiano Hugh Jackman! Tinha jurado a pés juntos não assistir em directo à cerimónia dos Óscares deste ano, talvez por ainda não ter visto qualquer dos filmes em competição.

Vai daí, enfiei-me na cama a ler, mas com um olho no burro e outro no cigano, que é como quem diz: a mirar ao mesmo tempo o livro e a televisão a meus pés.

Mas o início absolutamente surpreendente e desconcertante do evento, bem como tudo o que se lhe seguiu (excepção feita, talvez, aos cada vez mais entediantes momentos dos óscares musicais), teve o condão de me prender ao ecrã até final.

O tempo de renovação e esperança da grande nação americana, influenciado pela "Obamania", parece ter-se feito sentir na novamente inspirada indústria cinematográfica, em Los Angeles.

Acabei por me deitar tarde e a más horas e lá vou passar mais uma semana em dívida com o sono. Restam-me duas coisas: finalizar a leitura e ver pelo menos dois ou três películas premiadas. A primeira foi cumprida ao acordar na manhã seguinte, a segunda...

17 de fevereiro de 2009

Pechincha

O piso térreo do Terminal do Rossio recebe até ao final de Fevereiro a segunda edição da feira Há Livros na Estação.

No e-mail enviado a publicitar o evento a entidade organizadora informa que o mesmo conta com a "presença de dezenas de editoras", "representadas por milhares de títulos" e que "oferece novidades a preços muito reduzidos".

Esta última parte é algo exagerada, mas no meio das pechinchas, mesmo encostadinho ao ilustre Lolita, de Vladimir Nabokov, encontrei bem baratinho (3€) o livro que ilustra esta prosa. Isto, claro está, para quem gosta do género.

Nota baixa de rodapé: contaram-me que um dos co-autores é um tipo porreiríssimo!

16 de fevereiro de 2009

A pele macia da Cicciolina

Na sequência do arrazoado anterior, partilho o saudoso rasgo – o único realmente digno de nota – dito pela Cicciolina numa entrevista à revista Visão, algures no ano passado, quando amadrinhou a edição anterior do salão erótico do Porto: "Praticar tanto sexo fez-me bem à pele".

Não está ainda provada a causa-efeito do postulado, porque a única coisa que sabemos ao certo é que ser estrela do mundo porno levou-a até ao Parlamento italiano. Nada mau!

13 de fevereiro de 2009

Outras cavalgadas

Desconheço se, tal como Charles Darwin no séc. XIX [referência ao postado anterior a este], também a Cicciolina chegou a cavalgar nos Açores. Temo que não tenha tido tempo, nem sequer paciência, para ler A Arte de Bem Cavalgar a Toda a Sela, escrita pelo nosso eloquente rei D. Duarte.

Nem sei mesmo se, para treinar a espécie de espargata com que antigamente brindava os ávidos olhos alheios nas suas sexuais maratonas olímpicas, a antiga diva da pornografia não terá precisado de alguém para a ajudar a escarranchar, ou seja, a pô-la em cima do cavalo abrindo-lhe muito as pernas, tal e qual vem no dicionário.

Passei completamente ao lado do filme Cicciolina, Chocolate e Bananas, decerto sétima arte de primeira apanha dos idos de 1986 – o ano em que Diego Maradona deu cabo dos ingleses no Mundial do México e fez a Argentina campeã do universo e arredores – e a falha, da qual chego até a sentir angústia, ensombrou com certeza a minha adolescência.

Por isso, se estiverem no Porto – ou melhor, em Gondomar, local exacto da mostra – não deixem de aproveitar a oportunidade, pois a antiga deputada do Parlamento transalpino é a madrinha do evento e vai lá estar a distribuir fruta na ainda terra de pintos e loureiros.

Entretanto, em Lisboa, como referi aqui mesmo em baixo, pode ver-se A Evolução de Darwin. É a ciência – na lata acepção da palavra, não duvidem – a atacar em força, tanto na capital como na Cidade Invicta.

12 de fevereiro de 2009

Darwin na Gulbenkian

Inaugurou hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a exposição A Evolução de Darwin, precisamente no dia em que se assinalam os 200 anos sobre o nascimento do naturalista inglês Charles Darwin.

A mostra, patente até 24 de Maio, celebra igualmente século e meio da publicação do livro A Origem das Espécies (On the Origin of Species by Means of Natural Selection no original), obra fundadora da teoria da evolução.

E promete ser de arromba e imperdível, pelo menos a julgar pela newsletter em que, José Feijó, comissário da exposição, refere que esta terá presente "os vários acontecimentos que marcaram a vida de Darwin e que se reflectiram na formação do cientista, com destaque para a viagem que realizou, aos 21 anos, no barco Beagle. (...)

A exposição vai prolongar‑se para o jardim, acolhendo vários exemplares de animais cedidos pelo Jardim Zoológico (iguanas, tartarugas, tatus) e várias plantas, recriando a fauna e a flora que Darwin encontrou nesta viagem, com as impressões registadas nas páginas dos seus diários."

Darwin em Cabo Verde e nos Açores
Num artigo intitulado O Erro de Darwin e publicado na edição portuguesa da revista National Greographic de Fevereiro, Luís Tirapicos explica que "o HMS Beagle, com Darwin a bordo, partira de Davenport [Inglaterra] a 27 de Dezembro de 1831, ancorando na actual Cidade da Praia [Cabo Verde] a 16 de Janeiro".

Esta foi a primeira paragem da sua rota, cujo objectivo "era concluir o levantamento topográfico da Patagónia e da Terra do Fogo, bem como realizar medições cronométricas em torno do globo. A circum-navegação duraria quase cinco anos. O aspecto vulcânico de Santiago, a aridez da ilha e a pobreza dos seus habitantes impressionaram Darwin".

Mais à frente, o autor continua: "Depois de passar pelo Brasil, onde a exuberância da floresta tropical fez as delícias do jovem naturalista, a expedição contornou a América do Sul, acedendo ao Pacífico pelo estreito de Magalhães. Só quatro anos mais tarde, o Beagle voltaria ao Brasil e a Cabo Verde, já na rota de regresso à Grã-Bretanha.

A 20 de Setembro de 1936, o navio ancorou na ilha Terceira, nos Açores. O passeio a cavalo e os seis dias de estadia, antes do regresso a Inglaterra, não parecem ter marcado Darwin, que no seu diário da viagem descreve a ilha com a expressão: «Gostei do meu passeio, mas nada vi que merecesse ser visto».

Perdão?!?!

"No entanto", prossegue, "as ilhas, esses imensos laboratórios naturais, foram uma peça fundamental na construção das teses darwinistas". (...) "Fatigado e limitado à ilha Terceira, onde a ave não nidifica [referindo-se à existência, na Graciosa, de uma nova espécie, o painho-de-monteiro, que recebeu o nome do seu descobridor, o biólogo Luís Rocha Monteiro, desaparecido prematuramente em 1999, aos 37 anos], o naturalista obviamente não prestou lhe atenção, da mesma forma que nada viu de relevantes na biodiversidade açoriana".

"Depois de quatro anos no mar, Darwin estaria cansado e desejoso de voltar a casa", escreveu António Frias Martins, responsável pelo Centro de Investigação em Biologia e Recursos Genéticos da Universidade dos Açores, em São Miguel.

Ah bom!

Mais informações sobre o assunto também no blogue de apoio à exposição.

Imagem de Darwin tirada daqui

10 de fevereiro de 2009

As vacas felizes, os "bifes" nem por isso

Em época de crise e com saudades do tempo das vacas gordas, volto à vaca fria para falar da relação entre vacas felizes e produção de leite. É que segundo um estudo elaborado pela Universidade de Newcastle, em Inglaterra, divulgado no jornal académico local Anthrozoos, no final do mês passado, os investigadores chegaram à conclusão que as vacas mais felizes produzem mais e melhor leite.

Tem a palavra Catherine Douglas, da Escola de Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento Rural da universidade: "Tal como as pessoas reagem melhor ao contacto pessoal, as vacas também se sentem mais felizes e descontraídas se forem alvo de atenção personalizada. Ao dar maior importância individual, tal como chamar a vaca pelo seu nome [implica dar-lhe um, Cornélia, por exemplo] ou interagir mais com o animal, estamos não só a contribuir para melhorar o seu bem-estar e a sua percepção dos humanos, como também a fomentar a produção de leite".

A análise incidiu sobre 516 produtores de leite e o aumento anual foi na ordem dos 284 litros.

Mas no país das vacas loucas, os "bifes" – não esses… o nome pelo qual aqui são mais conhecidos os habitantes daquela ilhota – têm menos razões para sorrir do que os conterrâneos mamíferos malhados de quatro patas, pois a revista americana Foreign Policy elegeu precisamente a Grã-Bretanha como a nação em maior risco de seguir os passos da exemplar Islândia no que toca à ruína económica e ao colapso político.

Aqui fica o Top 5 da lista:
1º Grã-Bretanha
2º Letónia
3º Grécia
4º Ucrânia
5º Nicarágua

Portugal não consta: que grande vaca a nossa!

2 de fevereiro de 2009

Voz quente

Lá fora muito vento, frio e chuva a potes, dentro do Jardim de Inverno do São Luiz a voz quente de Jacinta em estilo café concerto, acompanhada apenas por piano e saxofone. Lamento informar mas estão esgotados os últimos espectáculos, na quinta, sexta e sábado próximos.

Post-scriptum: Pois é, depois desta minha sugestão, o São Luiz anunciou mais três datas (26, 27 e 28 de Fevereiro), devido à imensa procura que esgotou as sessões anteriores! Um enorme bem-haja aos informadores...