29 de junho de 2007

Silly season

O meu primeiro período de férias só chega daqui a três semanas, mas confesso que já estou a laborar a velocidade de cruzeiro. Fruto daquilo a que os britânicos adequadamente apelidaram de "silly season", a minha produtividade anda bastante fraca.

Dou por mim apenas a pensar nos livros e filmes de DVD para colocar no bornal do ócio, a magicar colectâneas de CD's de música e a inventar outros tipos devaneios que normalmente se praticam nestas alturas.

Fazendo jus à expressão, em que não é para levar a sério aquilo que se diz ou faz, deixo duas pérolas dadas à estampa na última edição da revista Visão: «A presença dos media britânicos abalou o secretismo da polícia portuguesa, herança do regime comunista que perdurou até à revolução de 1974», citando um artigo do jornal inglês The Independent sobre o caso do desaparecimento de Madeleine McCann.

Sexo ou telemóvel? A pergunta foi colocada a 1256 britânicos, com idades entre os 16 e os 64 anos, e as respostas não deixaram margens para dúvidas: um em cada três abdicaria mais facilmente do sexo do que do telemóvel. Mas 40 por cento dos inquiridos com mais de 45 anos trocariam de bom grado o telemóvel pela sua bebida quente favorita.

Eu e a minha eterna aversão a esse fleumático e esquisito povo que a falar não mexe o lábio superior...

22 de junho de 2007

Mona Lisa

Na Secundária de Benfica, provavelmente os meus melhores tempos de estudante, tive um colega de turma a quem todos tratavam pela alcunha, bastante a preceito, de Mona Lisa.

O motivo não tinha outra relação com o enigmático e minúsculo retrato pintado por Leonardo que não fosse o nome, pois mesmo antes dos 20 anos pêlo era coisa que não abundava no cimo da mona do Nuno, precocemente lisa.

Aproveitando a chegada do Verão resolvi dar uma tosquia radical, pente três a toda a largura. Agora, além de pés e orelhas e das partes habituais do corpo mais expostas do Sol, vou também ter que besuntar o alto da minha mona com creme protector.

É que, salvo as devidas diferenças, os cabelos também já são escassos por estas paragens e aproximam-se dois dias solarengos na Zambujeira do Mar. Mas que sinto cá um fresquinho ai isso sinto!

Bom fim-de-semana! (Espero que esta maldita dor de garganta, que me provoca um mau estar danado, e este fungar do nariz me larguem de vez!)

21 de junho de 2007

Chegou o Verão!

Para quem não deu conta, pois surgiu de mansinho, tímido e sem alarido.

20 de junho de 2007

A lenta agonia da Baixa

De um jornalista à moda antiga só podia sair um brilhante escritor.

Não passo sem ler as fascinantes crónicas do Baptista-Bastos, todas as quartas-feiras, no Diário de Notícias.

Esta, sobre o encerramento da centenária Loja das Meias, no Rossio, que se segue a tantos outros tristes episódios ocorridos no coração de Lisboa, é mais uma.

Sou um eleitor-fantasma

Segundo um estudo realizado para o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o concelho da cidade capital do país, cujo universo de votantes é 537 456, tem 90 101 eleitores-fantasma.

De acordo com o autor, "são pessoas que já morreram e continuam a constar dos cadernos eleitorais, mas também muitas maiores de 18 anos que nunca se recensearam ou que mudam de residência e não actualizam o registo, nem vão à sua terra votar".

Não fazendo parte da primeira leva, pois estou vivinho da silva, encaixo que nem uma luva na parte que diz: "mudam de residência e não actualizam o registo". A morada onde vivo actualmente é já a quinta depois de ter saído de casa dos meus pais, há uns anitos, pela qual me estreei nesta aventura de emitir opinião através do voto.

Mas será que se estavam a referir a mim? É que, provavelmente, vou continuar a constar por mais algum tempo daqueles que "não actualizam o endereço", mas pelo menos não sou dos que "nem vão à sua terra votar". Tenho voltado sempre às origens, embora elas se situem bem pertinho, para exercer o meu direito.

E conheço muita gente na mesma situação do que eu.

19 de junho de 2007

Pagar impostos dá prazer?

Pagar impostos pode ser fonte de prazer, diz o Público numa pequena chamada de primeira página na edição de domingo, citando o resultado de um estudo publicado na sexta-feira passada pela revista norte-americana Science.

Para determinar qual a importância das motivações - se por altruísmo puro ou por aquilo que os economistas designam por warm glow giving, no qual os doadores obtêm uma satisfação do mero gesto voluntário de dar, independentemente do bem que resulta dessa dádiva -, os cientistas entregaram 100 dólares a 19 mulheres.

Depois visualizaram a sua actividade cerebral em tempo real, entre outras situações, enquanto elas viam a respectiva conta bancária ser debitada para pagar um imposto a favor de um banco alimentar e viram que as áreas do cérebro activadas são precisamente as mesmas duas, muito antigas e primitivas em termos evolutivos, que entram em acção quando comemos doces ou convivemos com amigos.

Por outras palavras, dar dinheiro a outrem parece ser tão gratificante, recompensador e gerador de prazer no cérebro como saciar a fome com manjares açucarados e passar um bom bocado com algumas das pessoas de que gostamos. No entanto, os investigadores não se pronunciaram sobre o que aconteceria se os contribuintes soubessem que os impostos eram injustos.

18 de junho de 2007

A pedido de várias famílias...

... aqui fica a classificação geral da edição 2007 das marchas populares de Lisboa, bem como a das restantes categorias:

1º Alfama
2º Marvila
3º Campolide
4º Castelo e Mouraria
5º Alcântara
6º Lumiar
7º Bica
8º São Vicente
9º Madragoa
10º Olivais, Bairro Alto
11º Alto do Pina
12º Graça
13º Carnide
14º Bela Flor
15º Santa Engrácia
16º Beato
17º Ajuda
18º Benfica

Coreografia - Alfama
Figurino - Alfama e Marvila
Musicalidade - Alfama, Marvila, Bairro Alto e Campolide
Cenografia - Marvila
Cavalinho - Campolide
Melhor letra e música original - Bica

15 de junho de 2007

Alfama é tetra

O bairro onde o poeta José Carlos Ary dos Santos descansou o olhar venceu pela quarta vez consecutiva o concurso das marchas populares de Lisboa.

A situação, obviamente, está a criar mau ambiente entre os perdedores e até há quem sugira que a tetravencedora deixe de fazer parte do evento no próximo ano.

Outros interrogam-se se não existirá algum Apito Dourado em relação a esta competição, uma vez que aquela sinuosa zona onde outrora pululavam varinas a apregoar peixe fresco tem vindo a ser beneficiada constantemente pelo júri, que tem de abrir os olhos, dizem.

O bairrismo levado ao rubro. Temo pela minha amiga Catarina, uma das mais recentes moradoras de Alfama.

Terreiro do Paço, a mais bela praça da Europa (V e último)

A 1 de Fevereiro de 1908, uma carruagem descoberta onde viajam o rei D. Carlos, a rainha D. Amélia e os dois príncipes, atravessa o Terreiro do Paço. A família real regressa de Vila Viçosa, no Alentejo, e sofre um atentado que viria a precipitar a queda da monarquia e a instauração da República. Morre o rei, morre o príncipe Luís Filipe e fica ferido o irmão D. Manuel.

O duplo assassínio põe Lisboa em estado de choque. Quando o jovem rei D. Manuel (II) sobe ao trono, a monarquia está desacreditada e o país à beira da bancarrota, devido aos empréstimos acumulados. A principal praça lisboeta será, então, palco de confrontos entre monárquicos e republicanos.

Voltará à baila quase seis décadas depois, em 25 de Abril de 1974, quando os militares revoltosos estacionam os tanques no local, prenunciando a queda da Ditadura de António de Oliveira Salazar, que durou desde 1926, embora ele apenas tenha chegado ao poder dois anos mais tarde.

Adaptado de História de Lisboa, de Dejanirah Couto

12 de junho de 2007

Dúvida existencial

"Abstenção é alta entre os eleitores bem informados de Lisboa", titula uma das notícias do Público de hoje (página 8).

Considero-me razoavelmente bem informado e, por isso, no dia 15 de Julho, talvez possa vir a ser um dos representantes da matilha. Se tal acontecer, asseguro que será apenas como forma pontual de protesto pelo desvario reinante, mesmo tendo em conta que "O Zé faz falta!" e o movimento cívico de cidadãos liderado pela Helena Roseta.

Mas será que vou realmente conseguir abster-me? Seria a primeira vez, confesso. Lembro-me, aqui há uns anos, de ter levado comigo o cartão de eleitor e vir a correr de Salamanca só para chegar a Lisboa antes das 19 horas e poder votar, salvo erro, num plebiscito imbecil para o Parlamento Europeu. Consegui, e quem já passou por esta...

No entanto, continuo bastante inclinado para levar até às últimas consequências a tirada que, há tempos, ouvi alguém dizer: a política, ainda que cheia de boas intenções, implica fazer um pacto com o diabo.

Neste dia, há três anos,

estava eu no Porto, por ocasião do jogo de abertura do Euro'2004, Portugal-Grécia, às 19:45. Saímos derrotados, o que não impediu um repasto a condizer na Cidade Invicta. Assim que pude, zarpei para Lisboa, Alfama, mais precisamente, onde apesar do desaire da selecção das quinas se festejava ruidosamente a noite de Santo António.

Em jeito de antecipação do mês de folia que se lhe seguiu. Cometi a loucura de meter férias nessa altura, de modo a poder acompanhar ainda mais de perto a prova, de norte a sul, como simples espectador. Ah, que saudades!

Passadas três semanas, a 4 de Julho, reencontrei novamente as mesmas equipas na final do Estádio da Luz. Saímos novamente derrotados. Não me falem em gregos - ainda os tenho atravessados! (As fotografias foram tiradas dos lugares onde me sentei para assitir aos desafios.)

8 de junho de 2007

Eu quero spaghetti!

Quarta-feira, 18:30, estação dos Correios, Restauradores, Lisboa. O local repousa numa calmaria que contrasta com o rebuliço habitual. Definitivamente, a cidade prepara-se para fazer ponte e ir de férias.

Desloquei-me ali porque, oito meses após o sucedido, deixaram-me na caixa do correio o aviso para ir levantar uma carta registada. A enigmática missiva foi enviada pelo Banco Popolare di Sondrio, online, italiano - mas com sede na neutral Suíça -, com selo de Praga (República Checa) e um cheque de €26,60 lá dentro.

O assunto tem a ver com a atribulada viagem de comboio entre Veneza e Florença, efectuada no final de Setembro, e versada em "Non c'è il motorista!". De modo sucinto, devido ao atraso, a Trenitalia informou os passageiros que podiam solicitar a restituição de metade do valor dos bilhetes, como forma de minimizar o transtorno.

Assim fiz. Veio agora a resposta. Moral da história - nunca deixem de reclamar, pelo menos em terras transalpinas. Espero é poder mesmo gastar o dinheiro num spaghetti alla bolognese e não tenha de o utilizar noutra viagem em terras transalpinas. Quero spaghetti, e não quero andar de trenzinho!

6 de junho de 2007

Não os separes?

Junho é sinónimo de Verão, Santos Populares, sardinhas. Também por isso, ontem foi dia de jantarada na velha Alfama, local onde despertei os sentidos para esta bela Lisboa.

Numa noite amena ao ar livre, a venerada espécie aquática embarcou em festa no ritual sagrado regado a sangria fresca e alguma cerveja, e acompanhada de pão, queijinhos secos, alface, tomate e do inseparável pimento.

Isto leva-me à seguinte pergunta: que raio terá passado pelo iluminado cérebro dos publicitários da Mccann-Erickson Madrid para quererem juntar a Coca-Cola à manjua, imagem de marca da nossa época estival? Nem queria acreditar quando vi na televisão a nova campanha propagandista da empresa de refrigerantes para Portugal.

«Nunca os separes» é o nome desta história de amor e sedução que jamais devia ter acontecido. Há coisas que, definitivamente, não ligam.

Elusive...

... by Scott Matthews. Esta canção não me sai da cabeça! Coincidências. Mesmo agora liguei a Radar online e a rádio estava a passar a dita. Não descanso enquanto não ouvir o ábum!

Entretanto, vejam (e ouçam) o vídeo no You Tube. Mais informação no My Space do Scott.

4 de junho de 2007

Risada geral

Domingo, início da tarde, sol, calor, algum vento, almoço ao ar livre com um grupo de amigos. Os dois lado a lado tocam-se, entrelaçam as mãos.

Ela faz um ar enfastiado e passa a mão pela pança, meia inchada.
Ele, em tom de brincadeira mas ternurento, pergunta:
"É meu não é?"
"Não...", responde ela tristonha. "Estou cheia de gazes!"

Lá se foi o romantismo...

1 de junho de 2007

Quarentão

Tenho andado pouco virado para o admirável mundo da blogosfera, mas numa fugaz passagem não quero deixar de assinalar, hoje, os 40 anos passados sobre a edição de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, o oitavo álbum dos The Beatles e um dos melhores de sempre da música.