30 de novembro de 2007

Adriano, Aqui e Agora - O Tributo

Novas roupagens para poesias e músicas eternas cantadas por Adriano Correia de Oliveira (1942-1982), por ocasião dos 25 anos passados sobre o seu desaparecimento, a 16 de Outubro.

A destacar:

- a sobriedade de Tim, mítico vocalista dos Xutos e Pontapés, em Tejo que Levas as Águas;

- Ana Deus, ex-vocalista dos Ban e outros, e Dead Combo, em Trova do Vento que Passa, embora goste mais do instrumental do que da interpretação dela;

- a surpresa da excelente versão electrónica dos Cindy Kat, composto por Pedro Oliveira e Paulo Abelho, respectivamente cantor e percussionista da extinta Sétima Legião, em E Alegre se Fez Triste. Provavelmente a melhor versão do disco, por ser diferente;

- a voz cristalina e o suave piano de Vicente Palma, filho do mestre Jorge, em Para Rosalía;

- Nuno Prata, ex-baixista dos Ornatos Violeta, uma das melhores bandas portuguesas surgidas nos últimos anos, a cantar em Fala do Homem Nascido.

29 de novembro de 2007

Acabadinha de chegar...

... de Londres, esta caixa de DVD's contém sete documentários de viagens da autoria de Michael Palin (ex-Monty Phyton) e realizados para a BBC, exceptuando a última série, intitulada A Nova Europa, que pode ser vista todos os domingos à noite na RTP 2.

Mais informações no imperdível "site" http://www.palinstravels.co.uk/.

Around the World in 80 Days: Michael Palin takes up the famous challenge. Air travel is forbidden, and wherever possible he uses the same routes and transport as Jules Verne's fictional hero, meeting many interesting characters en route. As he races across continents and against the clock, Michael's charm and ingenuity delights the armchair traveller.

Pole to Pole: Michael Palin's second televised challenge is to travel from the North to the South Pole, by land and sea. The crossing is varied and frequently gruelling, passing through Russia just days before the abortive Gorbachev coup, then on through Turkey, Egypt, Sudan and South Africa, hopefully arriving in time to catch the only ship from Africa to Antarctica!

Full Circle: In Full Circle, Michael Palin sets off from Diomede, in the Bering Strait, and hopes to return there one year later via Russia, Japan, Korea, China, Vietnam, the Philippines, Borneo, Indonesia, Australia, New Zealand and the whole length of the Americas. But right from the start things don't go to plan...

Sahara: Michael Palin's lust for travel is as strong as it was when he went around the world in 80 days, from pole to pole and then full circle. His latest objective is one of the great challenges in world travel: crossing the Sahara Desert...

Himalaya: In his most challenging journey yet, Michael Palin tackles the Himalayas, the greatest mountain range on earth, a virtually unbroken wall of rock stretching 1,800 miles from the borders of Afghanistan to south-west China.

Hemmingway Adventure: Palin journeys to Valencia in Spain, following in the footsteps of his favourite author, Ernest Hemingway.

Great Railway Journey: Derry or Londonderry, depending on religion or which part of Ireland you're from, is the starting point of Michael Palin's great Irish railway journey. A journey which will take him from this ancient walled city to the most Western tip of Ireland.

Nota: retirado da Amazon, onde, durante os últimos meses - ou mesmo anos -, andei a namorar a dita...

27 de novembro de 2007

A dona Balbina de Miranda

Desde há vários anos que, nas deambulações por esta «nesga de terra debruada de mar», como lhe chamou um dia Miguel Torga, levo sempre comigo o guia Boa Cama, Boa Mesa, editado anualmente pelo jornal Expresso.

Uso-o para seguir as sugestões de restaurantes e posso-vos garantir que em nenhuma vez fiquei decepcionado com o resultado da escolha, criteriosa, quer pelo preço quer pela qualidade.

Miranda do Douro não fugiu à regra e, das várias possibilidades, o Restaurante Balbina era o que ficava mais a jeito, tendo em conta que a dormida também se situava no bem tratado centro histórico do burgo.

Depois de alguma hesitação, não resisti a pedir de entrada uma alheira - afinal, só um maluco iniciaria uma dieta para reduzir a matéria gorda quando acabou de ir de férias para Trás-os-Montes e Minho. Em boa hora, pois tratou-se da melhor que alguma vez comi, assada na brasa e nada gordurosa, antes cheia de carne.

Deliciei-me com o repasto e, já no final, não resisti a meter conversa com a dona do estabelecimento. Mais do que o sol e praia, o melhor que Portugal tem para oferecer a quem nos visita - e aos próprios portugueses - é, além da paisagem e do vinho, a comida e as pureza das pessoas.

E cada vez mais me convenço que, muitas vezes, as pessoas querem apenas que lhes concedamos alguma da nossa atenção e estejamos disponíveis para ouvirmos as histórias que têm para contar.

É a dona Balbina que confecciona ou supervisiona toda a comida do restaurante, a maior parte proveniente da quinta que possui nos arredores e onde cria tudo o que ali é vendido: legumes, batatas, galinhas, patos, porcos, frangos, pombos...

Enviuvou há cinco anos. Continua a lutar por aquilo que mais gosta de fazer, apesar de ter sido obrigada a tirar o peito esquerdo e dos insistentes conselhos para se reformar por parte das duas filhas, ambas a viver e a trabalhar no Porto, e com a vida orientada.

A dona Balbina encolhe os ombros e, por detrás do mesmo tímido e ingénuo sorriso, responde sempre igual:
- Mas eu gosto é disto! Gosto é de estar na cozinha e fazer comida!

Ainda bem.

Ah, e tem quartos que aluga mesmo por cima do restaurante, a preços convidativos...

22 de novembro de 2007

Ora toma!

Fiquei contente com o apuramento de Portugal para o próximo Campeonato da Europa, apesar do sofrimento escusado.

Mas, mais do que isso, o que me encheu verdadeiramente as medidas foi mesmo a eliminação da altiva Inglaterra, em pleno Estádio de Wembley, às mãos da Croácia, quando lhes bastava somente um empatezinho.

- Ao meu lado no avião para Londres viajou um tipo escocês, novinho, que meteu conversa durante a viagem. Quando chegámos ao aeroporto, perguntou o resultado às primeiras pessoas que encontrou. Quando lho disseram, desatou aos berros - "Yes! Yes! Yes!" - e aos pulos, tal era o contentamento.

A história, fresquinha, foi-me contada na primeira pessoa ontem à noite. Quem conhece um pouco da história britânica e, como eu, conviveu com todos os lados da barricada (inclusive o irlandês) e esteve nos dois países, sabe do que estou a falar. Por isso, a minha solidariedade, neste momento, vai inteirinha para o povo escocês.

Deixo as palavras sentidas do defesa Vedran Ćorluka, que joga no campeonato inglês ao serviço do Manchester City, actualmente treinado pelo sueco Sven-Göran Eriksson, o primeiro seleccionador estrangeiro de Inglaterra, o tal que não prestava.

"Tiveram o que mereceram, pois não nos respeitaram. Não esperava tanta arrogância dos seus jogadores e da comunicação social. Foi um enorme prazer eliminar a Inglaterra". Não lhe adivinho vida fácil.

Mladen Petrić, autor do golo da vitória de 3-2, não quis ficar atrás: "Foi o golo mais importante da minha carreira. No final do encontro, não quis trocar a camisola com ninguém. Nenhuma camisola inglesa valia mais do que a minha".

Junto ainda a inveja transbordante num mail enviado de trabalho enviado, ontem à noite, por um inglês: "Hi, as your side have gloriously qualified for EURO tonight, (...)". Gosto de os ver sofrer...

Agora, no sorteio de 2 de Dezembro, quero Portugal emparelhado com a Grécia, França e República Checa, pois temos umas contas antigas para ajustar.

O Planeta ao contrário

Depois do último post, leio agora, atrasado, que o domingo passado, em pleno Novembro, bateu o recorde do ano no que diz respeito ao número de incêndios registados em Portugal: 391 fogos ou fogachos.

Aconteceu antes da carga de água que caiu logo na madrugada de segunda-feira, mas isto anda mesmo tudo trocado. Se não fazemos nada, qualquer dia acaba-se.

19 de novembro de 2007

Adivinha quem voltou

Finalmente, o Inverno... Depois de vários dias seguidos de céu azul e Sol imenso, eis que chega o tempo cinzento, a chuva e o frio.

Dormi a noite de sábado no sopé da serra, no centro do País. Às 2h36 da madrugada de domingo, lá estava de nariz no ar pronto para ver a anunciada chuva de estrelas. Durou pouco, pelo menos para mim.

Ainda me deslumbrei com um ou outro risco no firmamento, mas o frio era tanto e os agasalhos tão parcos que voltei presto para o quentinho da casa, onde a chama da lareira e os aquecedores a gás e eléctricos reinavam a seu bel-prazer.

Curioso, fui ao carro ver a temperatura ambiente: -3º! Safa! E parece que a repentina febre gélida vai continuar por mais alguns dias...

Estranho foi voltar ao bólide, no dia seguinte, e ver o termómetro subir até aos 13º, passando pelo... -0º.

Do mesmo género desta do desorientado mostrador electrónico, só me recordo de uma brilhante tirada de um dos comentadores futebolísticos cá da praça durante o Mundial de 1994, disputado nos Estados Unidos, em pleno Verão, debaixo de canícula insuportável apenas para gáudio das audiências televisivas europeias:

- (...) e está uma humidade relativa muito superior a 100 por cento!

Já no domingo, a seguir ao almoço, com o astro maior a aquecer as almas, um dos dois cafés da aldeia encontrava-se repleto de gente - homens, entenda-se, que a mulher é para ficar em casa e aquilo é lá lugar para formosas damas.

Os habitantes locais, menos boçais do que o especialista da bola em pontapés na inteligência e na gramática, confirmaram a novidade: este sábado e a quarta-feira anterior foram os dias mais frios dos últimos tempos.

12 de novembro de 2007

Portugal, Um Retrato Social

Este é um retrato do nosso país. Um retrato da sociedade contemporânea. É um retrato de grupo: dos portugueses e dos estrangeiros que vivem connosco.

É um retrato de Portugal e dos Portugueses de hoje, que melhor se compreendem se olharmos para o passado, para os últimos trinta ou quarenta anos.

1º Episódio - Gente diferente: Quem somos, quantos somos e onde vivemos.

Os portugueses são hoje muito diferentes do que eram há trinta anos. Vivem e trabalham de outro modo. Mas sentem pertencer ao mesmo país dos nossos avós. É o resultado da história e da memória que cria um património comum. Nascem em melhores condições, mas nascem menos. Vivem mais tempo. Têm famílias mais pequenas. Os idosos vivem cada vez mais sós.

Nota: Da sinopse do documentário, da autoria do sociólogo António Barreto e da realizadora Joana Pontes, cujos sete DVD's podem ser comprados às segundas-feiras com o jornal Público ou por inteiro nas lojas FNAC. Perdi a exibição na RTP, há uns meses, e por isso comprei hoje o primeiro volume da colecção!

9 de novembro de 2007

A lhéngua que resiste

Encostada a Espanha e dividida desta pelo rio que lhe dá o nome, Miranda do Douro vive entre o apelo do país vizinho e o isolamento provocado pela interioridade.

Mesmo assim, persiste em manter e respeitar a tradição da cultura local. Disso são exemplos os Pauliteiros, o grupo de música tradicional Galandum Galundaina e o mirandês, a segunda língua oficial de Portugal, cujo estatuto foi reconhecido em 1999.

Leio no Nordeste, semanário regional de informação - pelo menos assim se apresenta -, que o mirandês ganha adeptos, pois 450 alunos do ensino básico de Miranda do Douro e Sendim escolheram-no como disciplina de opção. O facto levou mesmo a Direcção Regional de Educação Norte (DREN), tão em voga nos últimos tempos pelas razões erradas, a recrutar, pela primeira vez, três professores para leccionarem aquela língua nas escolas da zona.

A Associação da Língua Mirandesa luta por não a deixar morrer. Há algum tempo, os falantes viram coroados os intentos com a edição dos primeiros álbuns de Astérix, l Goulés em lhéngua mirandesa. Não é difícil ouvi-la pelas ruas do centro histórico e as próprias placas com os nomes das ruas estão escritas em mirandês.

Desde há algum tempo, a língua ganhou espaço nobre na imprensa com a crónica que Amadeu Ferreira, homem das Terras de Miranda e actualmente vice-presidente da Comissão dos Mercados e Valores Mobiliários, escreve mensalmente no jornal Público.

Condenado ao desaparecimento está o pólo de Miranda do Douro da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), conta ainda outro pasquim. Como qualquer local que albergue estudantes, a terra viu surgir nos últimos anos inúmeros estabelecimentos – são visíveis vários bares e pontos de acesso à Internet, por exemplo – para satisfazer as exigências das novas gentes que por ali aportam. Mas a situação vai alterar-se nos próximos anos.

Devido a uma decisão tomada em Junho, o Senado da UTAD decidiu acabar com as duas licenciaturas leccionadas naquela extensão universitária – Serviço Social e Antropologia Ligada ao Desenvolvimento –, ficando ambas a definhar enquanto houver alunos a frequentá-las. Como tal, o presente ano lectivo já não estreou qualquer caloiro.

Miranda, outrora rival de Braga, sede de bispado, residência do bispo, cónegos e outras autoridades eclesiásticas, bem como militares e civis, sobreviveu à explosão do paiol do castelo que, a 8 de Maio de 1762, precipitou a decadência do burgo, por isso terá força suficiente para resistir a novas e mais modernas contrariedades.

7 de novembro de 2007

Diva à solta

Rufus Wainwright entrou no palco do Coliseu dos Recreios às 21h15 em ponto, tal como indicava o bilhete, embora ainda com metade da plateia de lugares sentados vazia. Confesso que desde logo me surpreendeu. Normalmente, quem chega a horas vê-se sempre obrigado a esperar pelos retardatários, situação que, no caso do público português, acontece em todo o tipo de eventos e, na maioria das vezes, é abusiva e irritante. Desta vez cheguei bem cedinho.

Falou sempre na sua voz efeminada de homossexual assumido, brincou com o público, contou histórias e piadas, fez jus ao epíteto de verdadeiro entertainer. Mudou de roupa duas vezes durante o show de apresentação do mais recente álbum, Release the Stars. Surgiu de fato cor-de-rosa claro, voltou para a segunda parte vestido de tirolês - meias altas, calções a imitar jardineiras e camisa - e regressou para a ponta final de robe branco vestido, a esconder a curta minissaia preta e os collants negros, ao jeito de diva de cabaret, sapatos de salto alto e tudo.

Acompanhado por uma banda de sete elementos, incluindo um trio de sopros composto por saxofones/flautas, trompete e trompa, o músico canadiano, de 34 anos, ora ao piano, ora na guitarra acústica, desfilou um rol de canções sóbrias e melodiosas numa encenação quase perfeita que durou duas horas e meia - acabou cinco minutos depois da meia-noite e teve 20 de intervalo pelo meio.

Pontos altos da etapa inicial foram Cigarettes and Chocolate Milk e Poses, tocadas a solo ao piano, Malushka, música tradicional irlandesa apenas acompanhada pelos metais e contrabaixo e cantada sem amplificação. Depois, duas canções de Judy Garland - que fez furor na primeira metade do século XX - incluídas num CD e DVD cuja saída está prevista para Dezembro, em que repete o último espectáculo da actriz e cantora, mãe de Liza Minnelli, no Carnegie Hall, de Nova Iorque, em 1961, bem como a teatralidade musicada, cantada e dançada, com os seus próprios músicos, na apoteótica parte final.

Naquele seu timbre característico, um pouco nasalado, a capacidade vocal de Rufus, surpreendentemente límpida e cristalina durante todo o concerto, ecoou sem mácula pelos recantos da mais emblemática sala de espectáculos da capital. Em breve irá descansar do desgaste das digressões e dedicar-se a compor uma ópera em 2008. Só podia.

6 de novembro de 2007

Eu vou!

Rufus Wainwright

World's Greatest Entertainer

In person, Coliseum, Lisbon, 6 November

For lastest details go to rufuswainwright.com or myspace.com/rufuswainwright.

Nota: O álbum cuja capa reproduzo, Poses, de 2001, é um dos melhores discos que já ouvi!

2 de novembro de 2007

Páginas tantas ou tantas páginas?

Caso não tivessem os compradores da edição desta sexta-feira do jornal Público notado logo no peso, o matutino sublinhou a cena com um destaque no cimo da primeira página:

HOJE 236 páginas

O número assusta, mas os meus são outros. Senão vejamos:

Caderno principal, 44
Economia, 24
Inimigo Público, 12
Y, 72
Mundo à Sexta (novo gratuito em colaboração com A Bola), 32
Ranking - Exames do ensino básico e secundário, 64

Se a estes juntamos as 92 do n.º18 da revista País Positivo, encarte distribuído igualmente grátis com o jornal, perfaz a linda soma de 340!