12 de setembro de 2008

Admirável mundo novo

Era sexta-feira, dia de arrepiar caminho ao merecido descanso do fim-de-semana. Com todas as colegas de trabalho de férias - numa secção sem qualquer elemento masculino -, não teve outro remédio senão almoçar sozinha. Para obviar à situação, resolveu passar pela banca de jornais e revistas para ter alguma companhia durante o repasto.

Passeou distraidamente os olhos cansados pelas capas e deteve-se numa delas. Tinha uma foto da Madonna e versava sobre os 50 anos da cantora, uma das favoritas da heroína desta história.

O nome da publicação não lhe era estranho. Qualquer coisa "Out" lembrava-lhe aquela-revista-que-saiu-há-uns-meses-plena-de-sugestões-para-ocupar-os-tempos-livre-em-Lisboa. Absorta, lá comprou a dita e arrastou-se vagarosamente até à comezaina.

Sentou-se e, enquanto esperava, folheou a revista mas surpreendeu-a desde logo o destaque ao lado do título: tolerância, igualdade, atitude. Apercebeu-se do sucedido. Tratava-se da Com'Out - jogo de palavras que remete para sair do armário, onde escondemos e guardamos os esqueletos das nossas outras vidas -, revista mensal da comunidade lésbica, homossexual, bissexual e transsexual, cujo primeiro número saiu em Julho passado.

Lá dentro, existe um admirável mundo novo, mesmo para quem é só simpatizante ou joga noutros campeonatos e noutras divisões. Como convém, a publicidade é praticamente toda referente somente ao tema em questão e o interior contém também um útil guia prático para manobrar na capital portuguesa.

Ficou então esclarecido o sorriso tímido e matreiro da vendedora perante o alheamento despreocupado da freguesa, convencida que estava a levar a Time Out. Mas posso dizer que ela não ficou arrependida - o magazine está bem conseguido! Querem melhor elogio do que este?