30 de abril de 2007

Não há fome que não dê em fartura

Depois de anos a fio à míngua, os festivais de música de Verão instalaram-se na agenda estival. Tendo que optar, pois os festivais estão pela hora da morte, como diz o povo, nesta altura talvez aposte no Super Bock Super Rock. Mas o Sudoeste é o sempre Sudoeste... Por ordem cronológica:

Creamfields, Lisboa (19 de Maio)
Alive!07, Oeiras (8 a 10 de Junho)
Super Bock Super Rock, Lisboa (28 de Junho e de 3 a 5 de Julho)
Cool Jazz Fest, Oeiras (Julho)
Delta Fest, novo festival com artistas oriundos de países produtores de café, local a designar (20 a 22 de Julho)
Vilar de Mouros (20 a 22 de Julho)
Sudoeste, Zambujeira do Mar (2 a 5 de Agosto)
Paredes de Coura (12 a 15 de Agosto)
Super Bock Surf Fest, Sagres (14 e 15 de Agosto)

Apesar do imbróglio em que vive mergulhada a Câmara Municipal de Lisboa, espero que este ano também haja o excelente Festival África. Ainda por cima à borla! Não sei porquê, mas algo me diz que o meu desejo não será realizado...

25 de abril de 2007

O 25 de Abril italiano

Para os mais distraídos, o jornal Público, num pequeno apontamento evocativo intitulado «A libertação de Itália», informa na edição de hoje:

«25 de Abril é, claro, o dia da revolução dos cravos, em 1974. Mas é o outro 25 de Abril que tem direito de precedência: o dia da libertação, cerca de três décadas antes, da Itália do regime fascista.

No dia 25 de Abril de 1945, os resistentes italianos revoltaram-se em Milão - e simultaneamente em muitas outras cidades da Itália setentrional - contra a ocupação nazi e contra as falanges fascistas da República Social Italiana de Benito Mussolini, assumindo um movimento de consciência nacional e cívica apoiada na retaguarda pelos exércitos aliados, que na altura rompiam já a Linha Gótica da Toscana com que o exército nazi tinha isolado a península.

Foi neste contexto que os partigiani, guerrilheiros da resistência, sob a direcção do CLNAI (o comité dirigente da libertação, que entre os seus dirigentes incluía Sandro Pertini, que mais tarde se tornaria Presidente da República Italiana), foram ocupando sucessivamente Milão, Bolonha, Génova e Veneza, antecipando-se mesmo à chegada das tropas aliadas.

No próprio dia 25 de Abril, o CLNAI declara a insurreição geral e decreta a pena de morte para os generais fascistas. Três dias depois, a 28 de Abril, as tropas nazis e fascistas capitulavam perante o exército aliado, e Mussolini era executado sumariamente pelos partigiani quando tentava fugir, com a sua amante Clara Petacci, para a Suíça. Os seus cadáveres, com os dos apoiantes, foram expostos na Praça Loreto, em Milão.»

Fay Grim

Fay Grim, a single Mom from Woodside, Queens, is afraid her 14 year old son, Ned, will grow up to be like his father, Henry, who has been missing for seven years. Fay’s brother Simon is serving ten years in prison for aiding in Henry’s escape from the law. In the quiet of his cell, Simon has had time to think about the tumultuous years of Henry’s presence among them - chronicled in Hartley’s earlier film Henry Fool (1998).

He has come to suspect that Henry was not the man he appeared to be. His suspicions are validated when the CIA asks Fay to travel to Paris to retrieve Henry’s property. Her mission turns into a sprawling con-game, pitching Fay deep into a world of international espionage.

Fay Grim, directed by Hal Hartley, with Parker Posey, Jeff Goldblum, James Urbaniak, Safrron Burrows, Liam Aiken, Elina Lwensohn, Leo Fitzpatrick, Chuck Montgomery, Thomas Jay Ray, among others.

«I was told that it was a sad and funny movie. People talk fast sometimes but in the end you will see that probably all make sense», disse o realizador americano na tímida apresentação feita antes da antestreia do filme em Portugal no apinhado cinema S. Jorge, na terça-feira à noite, integrado no IndieLisboa.

24 de abril de 2007

Não apaguem a memória

Ele é a profusa nova e reeditada literatura sobre o assunto a sair em catadupa, tema de peças de teatro, eleições em concursos televisivos mediáticos, debates acalorados. Nunca tanto, pelo menos nos últimos anos, a figura de Salazar e a Ditadura militar que amordaçou Portugal durante mais de meio século foram tão faladas. Mas ainda bem que o são agora.

Toda a História do Mundo, da Pré-história aos Nossos Dias, de Jean-Claude Barreau e Guillaume Bigot, é um interessante livro que pode ser lido avulso, no qual os autores, logo no início, fazem o retrato da época em que vivemos.

«(...) Os franceses, como aliás todos os ocidentais, tornaram-se homens sem passado, na sua maioria, tornaram-se 'imemorantes' (esta palavra, um neologismo, descreve suficientemente a situação). Por um irónico paradoxo, nunca se falou tanto no dever da memória como nestes tempos de esquecimento, porque se sabe perfeitamente que apenas se insiste numa particularidade quando ela é olvidada... (...)».

25 de Abril sempre! Revolução sempre (e não Evolução, como nos quiseram vender alguns iluminados há algum tempo)! Não apaguem a memória! (A minha, pelo menos – assim me deixe o alemão do Alzheimer –, não a conseguirão apagar!)

23 de abril de 2007

Mudança de visual

«Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro», trauteou o blogue antigo para o novo antes do súbito desejo de mudar...

20 de abril de 2007

Six Degrees

They say that anyone on the planet can be connected to any other person through a chain of six people, which means that no one is a stranger... for long.

In this drama from the producers of Lost and Alias, six very different New Yorkers go about their lives without realizing the impact they're having on one another, but a mysterious web of coincidences gradually draws them closer, changing the course of their lives forever.

Six Degrees is about the possibilities of a greater force at work guiding everyone together and connecting the lives of us all.

ABC.com

O AXN transmitiu os dois primeiros episódios da série na quinta-feira passada e vai dar o terceiro novamente na quinta à noite. Mas quem perdeu não desespere, pois no domingo, dia 29, a partir das 16 horas, o canal da TV Cabo passa os três de enfiada...

19 de abril de 2007

Obra de arte

A mais sentida homenagem ao génio do argentino Diego Maradona – o melhor jogador de futebol que jamais vi actuar nos palcos dos sonhos por esse mundo fora – saiu ontem à noite dos pés do compatriota Lionel Messi, do Barcelona. Nasceu franzino e padecia de uma estranha doença que lhe tolheu o crescimento, que não a inspiração e o improviso. Atravessou o Atlântico com apenas 13 anos e submeteu-se a um tratamento hormonal a expensas do clube da Cidade Condal.

Nestes tempos em que a táctica engole a técnica, o desconcertante talento que ainda nos faz vibrar com o desporto-rei mora quase todo na América do Sul. Na Argentina e no Brasil. O tango e o samba. E o fado. Valha-nos o nosso Cristiano Ronaldo, verdadeiro ilhéu nesse imenso mar enxameado de engenho e arte. Não me vieram as lágrimas aos olhos, mas confesso ter sentido um arrepio ao ver o ziguezaguear zombeteiro de Messi em direcção à baliza adversária, somente terminado quando a bola, tantas vezes maltratada, beijou feliz as redes.

O treinador Frank Rijkaard esboçou um sorriso maroto e aplaudiu de pé o feito. O avançado camaronês Samuel Eto'o, companheiro de equipa do prodígio, deitou as mãos à cabeça, incrédulo. Pudera, Messi acabara de pintar sobre a relva do Camp Nou uma obra de arte em tons de azul-grená, as cores do Barça.

Ver (e rever) o golo de Messi no Barcelona-Getafe, 5-2 (18/04/2007) relatado em árabe!

Ver (e rever) o golo de Maradona no Argentina-Inglaterra, 2-1 (Mundial do México, 22/06/1986) narrado em directo por Victor Hugo Morales, jornalista do país das Pampas.

17 de abril de 2007

Beijos achocolatados

Não bastava existir o sexo virtual e o amor platónico. Tinham agora de nos escarrapachar nas ventas que o chocolate a derreter-se na boca tem um efeito estimulante, no cérebro e no ritmo cardíaco, mais forte e duradouro do que um beijo apaixonado. Pelo menos, esta é a conclusão da experiência recentemente efectuada por uma equipa de investigadores da Universidade de Sussex, no Reino Unido.

Sem nada de mais interessante para fazer, a não ser privar-nos do imenso prazer de molhar as beiças com quem gostamos, a referida equipa testou seis pares de namorados ingleses a oscularem-se enquanto tinham um pedaço de chocolate dentro da boca e o resultado, claro está, não podia ser animador. A minha esperança é que um povo que não mexe o lábio superior quando fala não possa ser considerado cobaia válida para testes desta natureza.

16 de abril de 2007

Barrigada

É a segunda vez que acontece. Ligam-me de uma agência de viagens a dizer que ganhei um fim-de-semana grátis. Falo num tom de voz desconfiado, por causa das famigeradas histórias de time share. Depois de perguntar como obtiveram o meu número de telemóvel, pois não autorizei a Vodafone a dá-lo a ninguém, lá me contam a história que fazem de vez em quando estas promoções e possuem um programa de computador que sorteia aleatoriamente alguns números de telefone. Pelos vistos, o meu fora, mais uma vez, o contemplado.

Não interessam agora os motivos que a levaram a profetizar tal sentença na altura, mas há uns anos uma grande amiga disse-me que eu tinha nascido, com sói dizer-se, com o rabo virado para Lua. Nunca percebi bem o alcance desta expressão sábia utilizada pelo povo para se referir a pessoa afortunada, que associa a nádega ao enigmático astro dos amantes, mas isso também não vem agora ao caso.

À falta de melhor, que prendas nunca se recusam, sujeito-me à oferta disponível: duas noites no Vau, mesmo ao lado da Praia da Rocha, Portimão. O local serve somente de poiso nocturno e é meramente acessório. O sábado é passado em Faro e aproveitado para rever amigos antigos que depois de estudarem em Lisboa recolheram ao lugar de origem para viver e trabalhar. O fim-de-semana termina com passeio obrigatório pela costa vicentina.

Regresso com os pulmões, os olhos, o coração e o espírito cheios. E também a barriga, pelo menos a ver pelo menu:
Sábado (almoço): Xarém com conquilhas, tomatada de lulas, cerveja;

Sábado (final da tarde/jantar): caracóis, prego no pão, tudo bem regado com cerveja;

Domingo (almoço): esplanada a ver o mar no Restaurante Sítio do Rio (recomendo vivamente, pelo local e pela comida), praia do Amado, na costa vicentina do Algarve, perceves, peixe grelhado, cerveja;

Domingo (depois de almoço): passeio pelo areal a perder de vista da praia de Vale Figueiras, a ouvir as ondas do mar;

Domingo (final da tarde): tosta mista e meia de leite numa esplanada da Zambujeira do Mar à espera do pôr-do-sol, antes de zarpar para Lisboa.

Sem palavras

Woody Allen ofereceu um papel no seu próximo filme ao espanhol Joan Pera, actor que há 20 anos dobra a voz do realizador norte-americano nos seus filmes para castelhano e catalão. Ao que parece, esta foi a forma encontrada pelo autor de Manhattan para expressar a sua gratidão ao actor do país vizinho. Mesmo tratando-se de uma aparição fugaz, onde Pera interpreta, cúmulo das ironias, uma personagem muda.

A nova película no cineasta nascido em Nova Iorque começa a ser filmada neste Verão e conta com as participações de Penélope Cruz e Javier Bardem, além de Scalett Johansson, actual musa do realizador.

13 de abril de 2007

Desilusão

Nem quero imaginar o estado traumatizado em que ficou o pobre petiz, depois de ver o Benfica realizar mais uma exibição de cortar a respiração e ter sido eliminado da Taça UEFA. Não se faz uma coisa destas às crianças!

12 de abril de 2007

Febre benfiquista

Delicioso episódio contado por um colega de profissão quando abordávamos, descrentes, o jogo da Taça UEFA desta noite entre o Benfica e o Espanhol.

«Adorava que o Benfica conseguisse o apuramento, mais pelos meus filhos...», diz ele. «O meu puto mais novo, de seis anos, acordou, deu-me um beijo e disse: ó pai, até que enfim que chegou o jogo com o Espanhol. É hoje!»

«Eu já o comecei a preparar, a dizer que os jogadores estão cansados e tal...». A ver se os "encarnados" não desiludem a criança.

10 de abril de 2007

Terreiro do Paço, a mais bela praça da Europa (IV)

A meio do século XVIII, pouco tempo antes do devastador terramoto de 1755, Lisboa é uma cidade de ruas estreitas e sujas. Há imundices acumuladas por todo o lado e reina a anarquia, com mendigos e vagabundos a deambular pela «rainha do Tejo». Fraca consolação para D. João V, O Magnânimo, cujo reinado foi inundado pela riqueza do ouro e pedras preciosas vindas do Brasil e que permitiram a construção do Aqueduto das Águas Livres, destinado a abastecer a capital de água potável, e do megalómano Convento de Mafra, com cerca de 4500 portas e janelas e onde chegam a trabalhar cinquenta mil homens. Situado nos arredores de Lisboa e pouco utilizado, apenas a escola de escultura, dirigida inicialmente pelo italiano Alexandre Giusti, mostrou alguma utilidade: foi lá que se formou o talentoso escultor Joaquim Machado de Castro, a quem se deve, entre outras, a estátua equestre de D. José I. Esculpida em bronze, passará a adornar o centro da Praça do Comércio após a reconstrução de Lisboa, impulsionada por Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal.

Violentamente destruído pelo sismo, o Terreiro do Paço fica irreconhecível, mas é o palco onde se lamenta o desaparecimento dos entes chegados, pois não há uma única casa em Lisboa que não se chore a morte de um marido, de um pai ou de um irmão. O rei D. José I, cuja fraqueza de carácter era do conhecimento geral, sente-se desamparado. Deixa a capital e só voltará vinte anos mais tarde, para inaugurar a sua estátua, já no final do reinado. Ambicioso, pragmático, autoritário e pouco dado a sentimentalismos, o marquês de Pombal, ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, assume então a chefia dos negócios do reino. O primeiro objectivo é «enterrar os mortos e cuidar dos vivos». Oriundo da baixa burguesia, esta constitui a oportunidade da sua vida. E não a desperdiça. Instala no Terreiro do Paço o quartel-general e inicia a árdua tarefa de recuperar a cidade da destruição.

Tal como toda a zona da Baixa, o Terreiro do Paço é reconstruído no mesmo lugar, mas parece ter outra dimensão devido ao desaparecimento dos antigos edifícios que o circundavam. Pombal sonha fazer da Praça Real, para seguir a designação atribuída pelo próprio, o verdadeiro fórum da cidade. É assim que o Palácio Real, a Casa da Índia e o Palácio dos Corte Real são substituídos por compridos edifícios com arcadas, onde ficam sediados ministérios, tribunais, serviços alfandegários, a Bolsa e o Arsenal da Marinha.

Adaptado de História de Lisboa, de Dejanirah Couto

9 de abril de 2007

Amores de Verão

Conheci-a pouco antes do Natal e foi logo amor à primeira vista! A possibilidade de ter em casa a minha loira preferida, disponível a toda a hora, deixou-me inquieto. E o facto de a poder levar para qualquer lado aumentou-me a inquietação.

Talvez um destes dias o meu desejo estival se torne realidade. Não há nada como os marcantes amores de Verão. Entretanto, vou vivendo de outros encontros explosivos a três com o senhor tremoço.

Para mais informações clicar aqui.

4 de abril de 2007

A pérola do dia

Exclusive: Keith Richards - 'I snorted my dad's ashes'
The Rolling Stones legend talks to NME

3 de abril de 2007

Dot.Com

Vem mesmo a calhar, tendo em conta a foto que ilustra o texto anterior. Estreia na quinta-feira, dia 5 de Abril, Dot.Com, o novo filme do realizador português Luís Galvão Teles, responsável, entre outros, pelo belíssimo Elas (1997).

Rodado entre a aldeia de Dornes, Ferreira do Zêzere, Tomar e Madrid, Dot.Com conta no elenco com participações portuguesas e espanholas. Para o cineasta, trata-se de «uma divertida crónica de costumes e comportamento sem complexos de chegar ao grande público».

A antestreia da película ocorreu em Dornes, no passado dia 24 de Março – precisamente uma semana depois de eu ter visitado a aldeia –, e contou com a presença do autor e do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Vale a pena passar os olhos por algum do noticiário escrito sobre este acontecimento no DN e JN.

Mais informação em salvemonossosite.clix.pt, Águas Altas e Cinecartaz. Let's look at the trailer no YouTube.

A ver brevemente!

2 de abril de 2007

Dornes, final de tarde, 17/03/07

A torre templária de Dornes, pequena povoação do Ribatejo sobranceira ao rio Zêzere, surpreende pela invulgaridade da sua forma pentagonal, que a torna num exemplar raríssimo da arquitectura militar dos tempos da Reconquista.

Edificada para defesa da linha do Tejo por Gualdim Pais, mestre da Ordem dos Templários, foi construída tendo como base a antiga torre romana situada no mesmo local.